«Servir en la familia como primer lugar ministerial del diácono»
Ha llegado la esperada jubilación. Décadas de trabajo terminan y comienza una nueva etapa vital. Este cambio es especialmente significativo para quienes hemos desarrollado nuestra labor en el ámbito civil. La percepción del tiempo se transforma y se nos presenta una realidad distinta: la última etapa de nuestra vida.
Si solo uno de los cónyuges se jubila mientras el otro continúa trabajando, la plenitud de este estado no se alcanza del todo, pues el ritmo de vida lo sigue marcando la actividad laboral de quien aún trabaja. Cuando finalmente llega la jubilación para ambos, se abre un camino nuevo para el matrimonio.
Surgen entonces en el horizonte numerosos proyectos, individuales y en pareja, que antes eran imposibles por falta de tiempo y oportunidades. Por fin hay tiempo.
Para el diácono casado, este nuevo “tiempo” conlleva un riesgo particular: que sea demandado por la Iglesia o entregado voluntariamente sin considerar que estamos jubilados. Puede surgir un conflicto de conciencia: si no lo ofrecemos, podríamos interpretarlo como una falta en nuestra entrega diaconal.
Quizás sea el momento de recordar que, en nuestra historia vital, primeros somos esposos y después diáconos. Tenemos la obligación de hallar un nuevo equilibrio, dialogando con nuestra esposa, en nuestra diaconía.
Para lograr ese equilibrio, debemos considerar que la jubilación presenta dos periodos distintos: uno en el que aún tenemos vitalidad para realizar muchas actividades, y otro posterior en el que esta irá disminuyendo con el avance de la edad.
También hay que ver que la familia tiene nuevas necesidades. Para muchos, la jubilación coincide con la etapa de ser abuelos, de tener nietos pequeños, un cometido que debemos asumir con responsabilidad y que aporta novedades a nuestra vida matrimonial.
Es precisamente esta realidad la que debemos plantear a nuestros obispos o vicarios al dialogar sobre una posible encomienda pastoral. Tenemos la obligación de hacerlo por dos motivos: para que nuestra Iglesia tome conciencia de la peculiaridad del diácono casado y de cómo debe emplear su tiempo en esta etapa, y porque la jubilación también debe ser jubilosa para la esposa.
En este diálogo fraterno, donde se ponen de manifiesto las necesidades del diácono y de la iglesia, se puede llegar a una encomienda equilibrada. Un encargo que cuide especialmente al matrimonio en esta primera etapa de la jubilación, la cual requiere un cuidado mutuo con una sensibilidad aún más exquisita.
Es el momento de devolver a la mujer el valor de su “sí”. En este momento existencial, ella debe ser la prioridad: acompañar sus proyectos, ilusiones y necesidades, lo cual redundará en una felicidad más plena de la pareja. Esto se traduce finalmente en una diaconía cuyo testimonio es la plenitud del amor conyugal.
No puede haber una encomienda que no disfrute de la flexibilidad necesaria para atender las necesidades de esta etapa. Pondré un ejemplo de mi propia vida para ilustrar cómo es mi encomienda actual.
Durante toda nuestra vida hemos viajado mucho en autocaravana. Durante años soñamos con llegar al Cabo Norte, dando la vuelta al mar Báltico, un viaje de unos 15.000 km. No era posible realizarlo antes, pues solo disponíamos de los 30 días de vacaciones de mi esposa.
Incluso al llegar la jubilación, según las características iniciales de mi encomienda, el viaje seguía siendo imposible. Sin embargo, tras múltiples reflexiones y diálogos con otros diáconos, mi encomienda fue adaptándose progresivamente a mi nueva situación. Necesitaba dos meses libres, y ahora era posible. Por fin pudimos realizar el viaje. Mi encomienda actual tiene la flexibilidad suficiente para adaptar mis compromisos a nuestros proyectos e ilusiones comunes.
Somos diáconos casados. Personas para quienes la entrega a los demás forma parte de nuestro ser, pues estamos configurados por el sacramento del Orden como “Cristo servidor” y por el Matrimonio como “una sola carne”.
No permitamos que la jubilación se convierta en un abandono de nuestra esposa. Nuestro proyecto matrimonial debe seguir vivo y ser, más que nunca, una fuente de ilusión. No dejemos que nuestras esposas caigan en un silencio triste. Ellas son admirables, y como dice san Pablo, su amor “todo lo disculpa, todo lo cree, todo lo espera, todo lo soporta” (1 Cor 13,7). No permitamos que esto deje de ocurrir por no encontrar el equilibrio, y debemos transmitir esta realidad a nuestros obispos, quienes en un principio quizás no sean del todo conscientes de ella.
Luego vendrá la última etapa. No sé cómo será, aún no he llegado, pero espero que, con la ayuda del Señor, podamos encontrar de nuevo el equilibrio necesario.
Servir na família como primeiro lugar ministerial do diácono
Chegou a tão esperada aposentadoria. Décadas de trabalho terminam e começa uma nova etapa da vida. Essa mudança é especialmente significativa para aqueles de nós que desenvolvemos nossa atividade no âmbito civil. A percepção do tempo se transforma e nos é apresentada uma realidade diferente: a última etapa de nossa vida.
Se apenas um dos cônjuges se aposenta enquanto o outro continua trabalhando, a plenitude desse estado não é plenamente alcançada, pois o ritmo de vida continua sendo marcado pela atividade profissional de quem ainda trabalha. Quando finalmente chega a aposentadoria para ambos, abre-se um novo caminho para o matrimônio.
Surgem então no horizonte numerosos projetos, individuais e em casal, que antes eram impossíveis por falta de tempo e de oportunidades. Enfim, há tempo.
Para o diácono casado, esse novo “tempo” traz consigo um risco particular: o de ser solicitado pela Igreja ou de se oferecer voluntariamente sem levar em conta que estamos aposentados. Pode surgir um conflito de consciência: se não o oferecermos, poderemos interpretá-lo como uma falha em nossa entrega diaconal.
Talvez seja o momento de recordar que, em nossa história de vida, somos primeiro esposos e depois diáconos. Temos a obrigação de encontrar um novo equilíbrio, dialogando com nossa esposa, em nossa diaconia.
Para alcançar esse equilíbrio, devemos considerar que a aposentadoria apresenta dois períodos distintos: um em que ainda temos vitalidade para realizar muitas atividades, e outro posterior em que essa vitalidade irá diminuindo com o avanço da idade.
Também é preciso considerar que a família tem novas necessidades. Para muitos, a aposentadoria coincide com a etapa de se tornarem avós, de terem netos pequenos, uma missão que devemos assumir com responsabilidade e que traz novidades à nossa vida matrimonial.
É precisamente essa realidade que devemos apresentar a nossos bispos ou vigários ao dialogar sobre uma possível missão pastoral. Temos a obrigação de fazê-lo por dois motivos: para que nossa Igreja tome consciência da peculiaridade do diácono casado e de como ele deve empregar seu tempo nessa etapa, e porque a aposentadoria também deve ser jubilosa para a esposa.
Nesse diálogo fraterno, no qual se manifestam as necessidades do diácono e da Igreja, pode-se chegar a uma missão equilibrada. Um encargo que cuide especialmente do matrimônio nessa primeira etapa da aposentadoria, a qual exige um cuidado mútuo com uma sensibilidade ainda mais delicada.
É o momento de devolver à mulher o valor do seu “sim”. Neste momento existencial, ela deve ser a prioridade: acompanhar seus projetos, ilusões e necessidades, o que resultará em uma felicidade mais plena do casal. Isso se traduz, por fim, em uma diaconia cujo testemunho é a plenitude do amor conjugal.
Não pode haver uma missão que não desfrute da flexibilidade necessária para atender às necessidades dessa etapa. Apresentarei um exemplo de minha própria vida para ilustrar como é minha missão atual.
Durante toda a nossa vida viajamos muito de motorhome. Durante anos sonhamos em chegar ao Cabo Norte, contornando o mar Báltico, uma viagem de cerca de 15.000 km. Não era possível realizá-la antes, pois dispúnhamos apenas dos 30 dias de férias de minha esposa.
Mesmo com a chegada da aposentadoria, segundo as características iniciais de minha missão, a viagem continuava sendo impossível. No entanto, após muitas reflexões e diálogos com outros diáconos, minha missão foi se adaptando progressivamente à minha nova situação. Eu precisava de dois meses livres, e agora isso era possível. Finalmente pudemos realizar a viagem. Minha missão atual tem flexibilidade suficiente para adaptar meus compromissos aos nossos projetos e ilusões comuns.
Somos diáconos casados. Pessoas para as quais a entrega aos outros faz parte de nosso ser, pois somos configurados pelo sacramento da Ordem como “Cristo servidor” e pelo Matrimônio como “uma só carne”.
Não permitamos que a aposentadoria se transforme em um abandono de nossa esposa. Nosso projeto matrimonial deve continuar vivo e ser, mais do que nunca, uma fonte de esperança e ilusão. Não deixemos que nossas esposas caiam em um silêncio triste. Elas são admiráveis e, como diz São Paulo, seu amor “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Cor 13,7). Não permitamos que isso deixe de acontecer por não encontrarmos o equilíbrio necessário, e devemos transmitir essa realidade a nossos bispos, que talvez, a princípio, não estejam plenamente conscientes dela.
Depois virá a última etapa. Não sei como será, ainda não cheguei lá, mas espero que, com a ajuda do Senhor, possamos encontrar novamente o equilíbrio necessário.
