DIÁCONOS NECESSÁRIOS NA IGREJA E NO MUNDO

DIÁCONOS NECESSÁRIOS NA IGREJA E NO MUNDO

“Agradeço-vos as vossas palavras e os vossos testemunhos. Saúdo o Cardeal Vigário, todos vós e as vossas famílias. Estou feliz, Giustino, por teres sido nomeado diretor da Cáritas: olhando para ti, penso que crescerás, tens o dobro da altura do padre Bem, vai em frente! Como também pelo facto de a Diocese de Roma ter retomado o antigo costume de confiar uma igreja a um diácono para que se torne uma Diaconia, como fez contigo, querido Andrea, num bairro operário da cidade. Saúdo com afeto a ti e à tua esposa Laura. Espero que não acabes como São Lourenço, mas vai em frente!” – estas foram as primeiras palavras dirigidas aos diáconos de Roma, este ano, pelo bispo de Roma, por ocasião do seu encontro com os diáconos da sua Diocese de Roma. Palavras claríssimas que os diáconos receberam do que o seu bispo espera deles, que não consentem outras interpretações que não as que soaram aos ouvidos dos diáconos de todo o mundo, embora em outras dioceses esta palavras surjam com interpretações erróneas do que foi dito, especialmente aos ouvidos de muitos bispos diocesanos, que colocam os diáconos nos patamares dos dispensáveis, ou na bancada, porque nem lugar possuem no “banco dos suplentes”.
Duas coisas são retiradas das palavras enunciadas acima pelo bispo de Roma e papa Francisco: uma primeira de que um diácono foi nomeado diretor da Cáritas – pressuponho da Cáritas diocesana -, outra, a de que a um diácono foi confiada uma igreja em Roma, num bairro operário. São indesmentíveis estes factos evidenciados nas palavras do bispo de Roma. Por mais que se queira esconder a luz debaixo do alqueire, não se poderá nunca deixar de dizer a verdade: duas nomeações, que em quase qualquer país seriam impensáveis. É certo que em Portugal existe um diácono a que foi entregue uma paróquia, mas é indesmentível que a grande maioria dos bispos diocesanos portugueses não querem ouvir falar desse tipo de nomeações; aos diáconos que agitam mais as águas, são colocados como “fora-de-jogo” para usar uma linguagem futebolística. Os diáconos na maioria das dioceses portuguesas não são pessoas “bem-vistas” para ocuparem esses cargos, mesmo que aos presbíteros se entreguem uma dúzia de paróquias, como se o Evangelho, as Boas-Novas da Salvação fossem apanágio dos presbíteros e não de todo o Povo de Deus.

Existe mesmo um bispo, que tomou posse há poucos anos, que em entrevista concedida a um jornal diário português, quando o jornalista lhe perguntou o que iria fazer com metade de padres para todas as paróquias, arrematou com a existência de grande número de diáconos, a quem seriam entregues comunidades, sob a orientação de um presbítero, nomeadamente para os sacramentos da confissão e eucaristia – suponho eu que seriam estes dois sacramentos -, por isso não estaria preocupado. Acontece o inconcebível, depois de tomar posse, esqueceu tudo o que disse e padres com mais de noventa anos fazem o sacrifício de animarem comunidades e alguns com uma dúzia de paróquias. Uma estratégia clericalista que esquece o que afirmou e contradisse o que disse.

O diaconado é necessário na igreja e no contexto da sua vida quotidiana. Existem muitos serviços que podem ser exercidos por diáconos, mas ao contrário do bispo de Roma, são colocados sem colocação; o Evangelho não é feudo de ninguém, mas uma preocupação de todos os cristãos e cristãs batizados. E, mesmo, existem não batizados que fornecem um testemunho fiel do que a prática de Jesus ensinou.
Por esta razão, diz Francisco aos diáconos de Roma, que se “procurou recuperar esta antiga tradição com a diaconia na igreja de Santo Estanislau. Sei [continua] que estais presentes na Cáritas e noutras realidades próximas dos pobres. Ao fazê-lo, nunca perdereis o rumo: os diáconos não serão “meio-sacerdotes” ou padres de segunda categoria, nem “acólitos de luxo”; não, não se pode caminhar nessa estrada; serão servos atenciosos que trabalham a fim de que ninguém fique excluído e para que o amor do Senhor toque concretamente a vida das pessoas”.

Os diáconos não estão à procura de lugares de “pompa”, mas de serviço, que lhes foi atribuído pela Graça sacramental, aquando da sua ordenação.

Joaquim Armindo
Pós- Doutorando em Teologia
Doutor em Ecologia e Saúde Ambiental
Diácono – Porto – Portugal

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