Diácono António Jesús Cunha
Aquele que se coloca ao serviço de todos
“Não me sepulteis com aromas suaves, porque essa honra de nada me serve. Nem useis incensos e perfumes, porque essa honra não me traz benefícios. Acompanhai-me somente com as vossas orações”. Estas palavras terão sido das últimas que Santo Efrém escreveu. Da sua biografia ressaltam aspetos que podem ser de grande conforto para os diáconos do nosso tempo. Em relação à sua morte, encontram-se estas palavras: “Santo Efrém faleceu em 9 de junho de 373, na cidade de Edessa, onde dedicou sua vida a Deus. Não quis ser ordenado presbítero. Sentiu que a sua vocação era ser diácono, aquele que se coloca a serviço de todos. Assim, viveu a sua vida. A sua canonização foi celebrada pelo Papa Bento XV em 1920, outorgando-lhe o título de Doutor da Igreja”. Nasceu na cidade de Nisibi, Turquia, no ano 306. A sua mãe educou-o na fé cristã. A sua festa litúrgica ocorre em 9 de junho.
É penoso reconhecer que o diaconado está longe de ser devidamente aceite e reconhecido, que nem sempre haja condições para exercer o ministério tal como foi criado pelos Apóstolos e restaurado pelo Concílio Vaticano II, mas não é inédito. Santo Efrém passou por numerosas dificuldades, algumas protagonizadas pelo próprio pai. Viveu numa época em que a Igreja era constantemente fustigada por cismas, conflitos e heresias. Exerceu o ministério de diácono a favor dos mais carenciados, também através do ensino e como escritor. Fundou em Edessa uma Escola Teológica, em que foi professor. Escreveu várias obras sobre os princípios cristãos. Como poeta e músico compôs cânticos hinos de grande beleza, muitos dos quais em honra de Nossa Senhora. Mas uma boa parte destes cânticos e hinos foram escritos na língua nativa de sua região. Pela sua fé pura, pela sua alegria, pela sua disponibilidade, contagiava “os corações das pessoas mais simples e humildes”. Numa das suas biografias pode ler-se esta referência notável: “Efrém usava a arte e a emoção das suas belas melodias para levar as pessoas a Deus e elevar os corações”.
Como Santo Efrém no seu tempo, hoje os diáconos têm que superar grandes dificuldades, mas darão sempre o melhor da sua vida, nomeadamente a sua simpatia, a sua disponibilidade a favor dos que estão sós, dos que são carenciados de pão e de afetos.