UMA IGREJA VIVA COM TODO O POVO DE DEUS

UMA IGREJA VIVA COM TODO O POVO DE DEUS

 

Uma Igreja de Cristo não pode ser verticalizada, nem horizontalizada, nas suas organizações. Continuam a existir na igreja católica romana os fascínios pelos poderes, embora o bispo de Roma e papa Francisco tudo esteja a levar a efeito para que tal siga o caminho dos zeros tolerâncias. Esta é, ainda, a organização dos direitos canónicos e das inquisições. Porque, de facto, uma igreja que viva da verticalidade na organização, é uma igreja ao contrário, diria, uma pirâmide invertida, não possui o emergir do Espírito Santo, saído de todo o Povo de Deus e é deste todo que Ele vulcaniza a igreja. Os de “cima” parece, quase na sua totalidade, que conseguem modular a igreja e o Espírito, mas não sabem, nem o podem fazer, porque a igreja é divina, e diviniza os seres humanos. Muitos dos de “baixo” entendem também assim, mas isso não é verdade, neles, em todos eles, e nos outros que não pensam dessa forma, é que reside o divino. Não existe divino, nem humano, ambos coincidem, porque o humano foi idealizado pelo divino. A clericalização da igreja torna-a infértil, não só pelos poderes humanos que se exercem sobre ela, mas pela descaracterização do justo servir que é Jesus. Ao enviar os seus discípulos e as suas discípulas proclamar o Evangelho, com as suas diferentes vocações, não instituiu qualquer comando, e se instituiu foi o “comando do serviço”. O estado atual da Igreja é complexo, quer na sua organização, quer no concernente à missão dada por Jesus, proclamar o Evangelho. E isso é, verdadeiramente, aquilo que a faz não ser luz das gentes, nem o sal que dá sabor à comida.

Estamos, na igreja, a convocar um Sínodo, mas parcial, representativo dos bispos – estão a tentar ouvir-nos, mas a tentação é não ouvir -, não que se coloque em questão a vontade do bispo de Roma na sua convocatória e no passo a dar para ouvir toda a igreja, mas coloca-se a questão de atentar contra os princípios básicos da sinodalidade, e sem esta não existe corresponsabilidade. Como poderá existir se o padre ou o bispo é que sabem? É uma igreja de tradição inquisitorial, fechada ao ouvir e sentir aqueles em que baseiam para ter o poder, sobre as consciências, e dilatando o medo da inquisição de não existir “lugar no céu”, se não se cumprir as ordens emanadas dos tronos das irresponsabilidades. A igreja católica romana tem de escolher o caminho do serviço, de uma igreja pobre, para os pobres, não por “caridade”, mas por amor.

Assistimos em Portugal a uma mudança de bispos e à nomeação de outros, mas quem do Povo de Deus tem palavra para a escolha em completo espírito sinodal de efetuar nomeações, quem tem o mandato de achar o perfil de um bispo para determinada diocese? Há todo um processo de nomeações que passa ao lado do Povo de Deus, que não é escutado nos seus países, nas suas dioceses, para dizerem quais os perfis dos bispos e mesmo ser ouvido sobre as pessoas nomeadas, ora isto é de uma igreja vertical, nós nem sequer sabemos se o Espírito do Senhor estava nas suas decisões, porque Ele emerge das comunidades cristãs e não decidido por atalhos.

Não se trata de destruir a hierarquia, mas sim de não ter uma igreja hierarquizada que se submeta a inquisições, a tribunais e códigos de leis humanas, o mandamento do Senhor não é esse. O mandamento é amar, não destruir, nem julgar, quem julga será julgado e porque é assim, ninguém é julgado para entrar nos novos céus, numa nova terra.

Não se trata de colocar em questão os bispos, os presbíteros ou os diáconos, mas que eles dimanem do Povo de Deus, na sua sabedoria. E este clero que esteja ao serviço, não se sirva do serviço. Trata-se do direito ao casamento por parte do clero, do direito de as mulheres ascenderem a todos os carismas, também os de decisão comunitária. Trata-se de uma Igreja Viva.

Uma Igreja de Pedras Vivas, tem o sabor de amar, não de comandar. Mesmo assim é desta igreja inquisitorial que nascerá, por obra do Espírito, a Igreja de Jesus, onde todos e todas farão parte dela.

Joaquim Armindo

Pós – Doutorando em Teologia

Doutor em Ecologia e Saúde Ambiental

Diácono

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