Memória da CND: Um período de grande paixão pela Igreja e pelo Diaconado

Vou trazer à memoria algumas palavras, pessoas e acontecimentos que ficaram gravados na minha mente e no meu coração durante aqueles anos vividos com grande paixão pela Igreja e pelo diaconado.

Marcante e inesquecível é ter ouvido Dom Luciano Mendes de Almeida dizer durante o II Congresso Nacional e VI Assembleia dos diáconos: “Para que o serviço na Igreja possa ser sempre mais presente e operante, gostaria que houvesse até um Encontro Nacional de Ministros Ordenados (bispos, presbíteros e diáconos) – Assembleia de ministros ordenados – para aprendermos uns com os outros, através da partilha e trocas de experiências”.

Maravilhoso é ter experimentado ser um instrumento de Deus. Ter palpado o efeito da graça de Deus, quando pude ouvir Dom Zico, em Belém do Pará, contando que durante a Assembleia da CNBB, depois da intervenção dos diáconos no plenário, muitos bispos se converteram.

Foram anos de muitas lutas e conquistas; de muitas alegrias e lágrimas. Voltando da 37ª Assembleia Geral da CNBB escrevi um sucinto relato que enviei aos diáconos do Brasil, onde entre outras coisas relatei: “alguns momentos me marcaram e me emocionaram particularmente. Na procissão penitencial do dia de Retiro, que terminou com o lava-pés, como sendo a verdadeira atitude e sentido do ministério dos nossos pastores, eu não fui capaz de conter as lágrimas, no palco, e bem perto daqueles três bispos aos quais estavam sendo lavados os pés por um dos seus irmãos, tive várias vezes que enxugar as lágrimas – lágrimas cheias de esperança, lágrimas que me davam a certeza de que a nossa Igreja já estava vivendo o lavapés, mas que ainda um dia este lava-pés seria realidade em cada comunidade e seria estendido a todos os homens”.

Por ocasião do Jubileu dos Diáconos Permanentes do Ano 2000, constatamos que realmente é o Espírito Santo quem conduz a Igreja. Inúmeras dioceses que ainda não tinham iniciado o diaconado promoveram semanas vocacionais com abundantes e criativos subsídios de forma que foi dado um passo muito significativo para atingir aquela meta que tínhamos criado: “Dois mil diáconos para o Brasil no ano 2000”.

Um marco inesquecível para o diaconado no Brasil foi o III Congresso Nacional de Diáconos e VII Assembleia Geral. Pela primeira vez estariam representadas setenta dioceses e todos os regionais. Pela primeira vez o tema central foi estudado pelos diáconos durante dois anos. Pela primeira vez elaboramos um subsídio promovendo uma grande reflexão sobre o ministério da caridade. “O Ministério da Caridade: Diáconos por uma Igreja Servidora e um mundo solidário”. O impacto foi muito grande. Acredito firmemente que a partir deste momento iniciou uma mudança de mentalidade a respeito de uma concepção do diaconado muito restrita ao campo litúrgico, para uma visão do diácono como ministro da caridade.

Edificante a estima e a confiança que grande parte dos bispos depositou em mim quando da aprovação das Diretrizes para o Ministério e Vida dos Diáconos Permanentes, na Assembleia da CNBB em 2004. Foi um momento culminante de um trabalho de muitos anos. A Comissão Episcopal constituída para a elaboração das Diretrizes, da qual eu fazia parte como assessor depositou total confiança na minha assessoria e praticamente me delegou para conduzir a apresentação do texto no plenário da Assembleia da CNBB, tanto do primeiro texto aprovado como das modificações sugeridas por Roma.

Lembro com grande saudade as constantes conquistas para edificar a CND como instituição civil e canônica. A elaboração e aprovação dos estatutos civil e canônico da CND envolveu o trabalho e participação dos diáconos, presbíteros, assessores jurídicos da CNBB, Conselho Permanente da CNBB. Aprovação em Assembleia da CND. Tal vez muitos irmãos diáconos ordenados nos últimos anos não saibam o significado e a importância de fazer parte de um organismo juridicamente constituído. Sempre vi a CND como um organismo de comunhão e participação; com grandes possibilidades de desenvolver projetos de serviço aos diáconos, à Igreja e aos mais necessitados.

O período que me tocou viver à frente da CND foi muito rico em acontecimentos, contatos. Impossível em poucas linhas expressar tal riqueza de experiências. Lembro-me da construção do Conselho Consultivo da CND. Do lançamento do primeiro informativo “Diácono” pela internet. Do lançamento do meu livro: “Diaconado Permanente e Ministério da Caridade: elementos teológicos-pastorais”, na assembleia da CND. Das celebrações dos 50 anos da CNBB. Da participação em inúmeros encontros promovidos pelo CELAM, representando a Comissão Episcopal de Ministérios Ordenado e Vida Consagrada. E aqui não posso deixar de citar a grande abertura de mente e a grande confiança de Dom Angélico Sândalo Bernardino ao me delegar para participar destes encontros.

Impossível de esquecer foi a celebração dos 25 anos da CND com as homenagens ao Diác. Ademir e ao Diác. Alberto.

De tudo o que eu posso lembrar, uma das coisas mais bonitas foi o trabalho que fizemos juntos os diáconos que compúnhamos a diretoria da CND. Dorvalino, Silvio Pedro, Delintro, Hamilton, Odelcio, Antonio da Moura, Ribamar. Impossível esquecer a amizade construída. O empenho e dedicação de cada um. O amor pelo diaconado. Um amor capaz de tudo suportar, de tudo sofrer, de tudo perdoar. Viagens distantes. Noites trabalhando. Tudo feito na entrega generosa e gratuita.

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