Homilia nas ordenações de diáconos

 

Irmãos e irmãs, o Senhor convida-nos a todos para sermos construtores e cuidadores da Sua Igreja, que Ele quer ao serviço da Humanidade, da nossa história coletiva concreta, do mundo em que nos encontramos, com todas as suas potencialidades e contradições. E quer que todos sejamos construtores de uma forma organizada e bem coordenada. Para isso, pelo Sacramento da Ordem, a alguns Ele decidiu constitui-los representantes visíveis da Sua Pessoa para o exercício da condução que Ele hoje quer imprimir na vida da Igreja.

 

Pelo Sacramento da Ordem, no seu 1º grau, também vós que hoje ides ser ordenados diáconos, ficais com a responsabilidade de dar expressão visível ao pastoreio do mesmo Cristo á frente da Igreja e das distintas comunidades que a constituem. Por isso, o mesmo Cristo e Bom Pastor convida-vos, primeiro que tudo, a participar no discernimento, na identificação dos distintos carismas e ministérios necessários à vida das nossas comunidades; pede-vos que participeis ativamente na sua formação adequada, que os estimuleis sempre no exercício das distintas responsabilidades que lhes foram confiadas; que participeis também na coordenação bem feita dos diferentes serviços que hão dar vida às comunidades. Temos a convicção de que só uma verdadeira comunhão de ministérios – onde entram os ordenados e os não ordenados ou laicais – é caminho para constituir a verdadeira comunhão em Cristo, tanto no interior das comunidades cristãs como destas comunidades entre si.

 

Devo acrescentar que esta responsabilidade nova hoje recebida com o Sacramento da Ordem, no seu 1º grau, sois convidados a exercê-la nas distintas diaconias que a Igreja vos confia. E são elas, para usar a linguagem do Diretório do Ministério e da Vida dos Diáconos Permanentes, a diaconia da Palavra, a diaconia da Liturgia e a diaconia da Caridade. E eu desejo acrescentar-lhes mais a diaconia da Administração. No fundo, com esta linguagem o Diretório quer dizer que ao diácono são confiadas todas as grandes responsabilidades inerentes ao pastoreio de uma determinada comunidade cristã.

 

Isto não significa que não tenhamos todos de respeitar, na comunhão dos ministérios, em que também se insere o ministério ordenado dos diáconos, as competências específicas de cada um deles. De facto o único Senhor da Igreja confia aos presbíteros competências específicas na vida do povo de Deus, como o mesmo acontece com os Bispos, sem que tal determine qualquer anulação das competências próprias dos outros ministérios, incluindo os diáconos.

 

Hoje faço uma prece especial, nesta celebração, para que o Senhor Jesus, na luz do Seu Espírito, a todos nos ajude a percorrer o caminho da construção da autêntica comunhão de ministérios para serviço da comunhão da Igreja. E nesta comunhão cabem tanto as diferenças como as complementaridades, que o mesmo Senhor quer que existam na sua Igreja.

 

Temos de concordar em que, durante séculos, o Ministério Ordenado esteve concentrado na vida dos Presbíteros e dos Bispos. Desde o Concílio Vaticano II – e já lá vão quase 50 anos, pois começam a completar-se em 2012 – vem sendo pedido à Igreja que dê ao Ministério dos Diáconos o seu lugar e o seu espaço próprios na vida das diferentes comunidades cristãs.

 

Peçamos, nesta hora, a luz e a força do Espírito Santo primeiro para os que vão ser ordenados e depois para todos nós, a fim de sabermos percorrer os novos caminhos, onde, por vontade do Senhor Jesus, o exercício do Diaconado nas nossas comunidades tem de ter o lugar e o espaço que lhe são próprios.

 

Finalmente, à nossa comissão diocesana promotora e coordenadora do diaconado permanente, desejo pedir, nesta hora, empenho redobrado para fazer o acompanhamento dos diáconos no exercício do seu ministério; sobretudo que lhes seja garantido o necessário apoio espiritual e pastoral no exercício da missão que lhes é confiada. Assim, poderemos conjuntamente rasgar os caminhos do futuro por onde as nossas comunidades cristãs precisam de ser conduzidas, com a intervenção responsável também dos diáconos.

 

Que o Senhor nos ajude na realização desta importante e decisiva tarefa.

D. Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

Catedral da Guarda, Portugal, 23 de outubro de 2011 (Ecclesia)

 

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