Por: Diácono jornalista Pedro Fávaro Júnior – Diocese de Jundiaí/SP
É preciso ir ao encontro dos pobres. Lutar pela dignidade humana em todas as frentes
Os diáconos permanentes da Diocese de Jundiaí, com suas esposas, participaram nos dias 28, 29 e 30 de agosto, do Retiro Anual, que teve como tema a Doutrina Social da Igreja e teve como pregador o diácono Antônio Héliton Alves, secretário-geral da Comissão Nacional dos Diáconos (CND) e foi coordenado pela Comissão Diocesana de Diáconos (CDD), presidida pelo diácono Vitório Durigati.
Na pregação, Alves compartilhou sua experiência nesta área, falou da importância do tríplice serviço dos diáconos permanentes – da Caridade, da Palavra e do Altar – enfatizando que eles formam um tripé de sustentação para o equilíbrio do ministério.
— Assim, é preciso viver e exercitar o ministério no serviço à Caridade, para poder saber do que se fala, podes testemunhar de fato, aquilo que se prega e se poder celebrar o mistério do amor de Deus, manifestado em Cristo Jesus, que se fez homem para estar ao lado e defender os mais pobres, os excluídos, os esquecidos pela sociedade, afirmou Alves em uma de suas mensagens no decorrer do Retiro. O secretário-geral da CND focou em três importantes pontos durante o Retiro, iniciado na noite da sexta-feira, 28, com uma Celebração Penitencial, presidida pelo padre Agnaldo Tavares Ribeiro, o assessor e diretor espiritual dos diáconos e esposas, na Diocese de Jundiaí.
No sábado, com uma abordagem sobre a lógica do Plano de Deus, os desvios nesse projeto provocados pelo ser humano, Alves iniciou o aprofundamento da reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja falando da humanidade que nos torna a todos semelhantes e exige atitudes de defesa à sua dignidade, em qualquer circunstância; da convivência humana (relacionamentos entre os seres humanos em família, sociedade, comunidade política e de trabalho) e da necessidade dos cristãos autênticos lutarem pela implantação de uma cultura de paz.
— Se você tem dois pares de sapato, tenha a consciência de que um deles não lhe pertence. É preciso que a questão dos empobrecidos, dos pobres, se torne essencial. Ela ainda não é. Mesmo para a nossa Igreja, a opção preferencial pelos pobres é uma opção teórica. O Papa Francisco insiste que é preciso termos, nós cristãos católicos, o mesmo cheiro dos pobres. A Doutrina Social da Igreja, que entre muitos de nós é uma ilustre desconhecida, nos ajuda muito a caminhar por nessa direção, explicou Alves lembrando que no já no ethos de Israel, na origem do cristianismo, está o amor aos órfãos, viúvas e pobres.
Ele discorreu sobre a Doutrina Social, falando do Compêndio da Doutrina Social da Igreja, passando por importantes documentos como a Rerum Novarum, de Leão XIII; a Quadragésimo Ano, de Pio XI; as exortações de João XXIII; a Populorum Progressio, de Paulo VI e do Concílio Vaticano II, especialmente o decreto Gaudium et Spes – Alegria e Esperança, do Documento de Aparecida e dos documentos e atitudes do Papa Francisco.
— Ele foi o relator final do Documento de Aparecida. Tem atitudes coerentes com aquilo que prega. Ele pede a aproximação com os pobres e excluídos. E é o primeiro a se aproximar deles. Tem a visão social plena da realidade latino-americana, recordou, mencionando os documentos produzidos por Francisco desde 2013, quando assumiu: Lumem Fidei (junho de 2013); Evangelii Gaudium (novembro de2013); Misericordia Vultus (abril de 2015) e Laudato Si (maio de 2015).
Alves defendeu uma participação maior dos diáconos permanentes e esposas nos Conselhos Municipais Paritários, onde são garantidas as políticas públicas e afirmou, ao falar do Princípio da Subsidiariedade, que o grande desafio da humanidade é garantir o fim da fome de um terço da população mundial, o acesso à água potável para 800 milhões de pessoas e o desperdício que coloca no lixo 40% dos alimentos produzidos no mundo que a população manda todos os dias para o lixo.
Encerrou o retiro falando de construção da paz e de justiça restaurativa e, entre outras coisas, apresentou os caminhos da Doutrina Social católica para se chegar a uma sociedade solidária: a promoção do bem comum, a valorização da família e a união dos esposos e dos filhos; a busca da justiça social; a superação do abismo entre ricos e pobres com melhor distribuição das riquezas; o fim de todo tipo de intolerância (religiosa, de gênero; cultural; étnica; política etc.); o resgate e a garantida da dignidade a todo ser humano do nascer ao morrer; o exercício diligente da fraternidade e a prática da paz.
As esposas tiveram momento de partilha e adoração ao Santíssimo Sacramento.
PRESENÇA DO BISPO – Na manhã do domingo, dom Vicente Costa, visitou o Retiro que contou com 60 dos 90 diáconos permanentes em exercício nas 11 cidades do território diocesano que ele pastoreia, 47 deles com suas esposas. Saudou o pregador e confirmou a necessidade de um ministério diaconal que esteja voltado aos pobres e enfermos. E anunciou a criação do Fundo de Assistência aos Diáconos – um novo organismo, ainda em discussão, para fazer frente às necessidades dos irmãos diáconos que estejam enfermos ou desempregados, sem condições de suprir suas necessidades.
O retiro foi encerrado com almoço festivo, logo após missa celebrada pelo padre Adriano Ferreira Rodrigues, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Varjão, em Jundiaí.