SAUDAÇÃO DA CND PARA O SÍNODO DA AMAZÔNIA
«Amazônia: Novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral».
Querido Santo Pai, Papa Francisco, Diácono dos Diáconos.
Queridos irmãos e irmãs reunidos no Sínodo da Amazônia,
“Não se pode pensar a Amazônia sem a presença do diaconado permanente.” (Dom Sérgio Castriani)
A Comissão Nacional dos Diáconos do Brasil (CND) apresenta seu apoio incondicional ao Sínodo para Amazônia, que está acontecendo neste mês de outubro, no Vaticano, sendo o Kairós que nos enche de esperança, mas também nos convoca. Vivencia-lo como um caminho de profecia e conversão ministerial, pastoral e coletiva têm sido gratificantes e ao mesmo tempo desafiador, neste tempo histórico de crises, incertezas e contradições, com cenários socioambientais, econômicos e políticos cada vez mais degradantes e destruidores da vida. Requer uma atitude de docilidade ao Espirito Santo, e grande abertura para acolher as novidades e vivências dos povos das florestas e das águas deste imenso continente amazônico com povos e nações de nove países.
A Igreja tem uma presença importante no chão da Amazônia. Experimentamos a riqueza de conviver com uma diversidade que nos convoca ao diálogo e contemplação. O papa Francisco nos pede que sejamos uma Igreja em saída, próxima, solidária, defensora da dignidade humana, profética, capaz de discernir o que nos pede o Espírito Santo, de denunciar as injustiças e alimentar a Esperança para os povos da Amazônia!
A Comissão Nacional dos Diáconos do Brasil (CND), a partir da vocação, identidade e missão do ser diaconal, participa em diferentes iniciativas que têm como um dos objetivos principais, o apoio total ao Sínodo para Amazônia. No mesmo espírito de comunhão, o diácono é sinal sacramental de Cristo Servo, sendo discípulo missionário, consagrado para servir à unidade do Povo de Deus, vivendo à comunhão no ministério ordenado fazendo acontecer a boa nova do Evangelho entre todas as criaturas.
O diaconado permanente situa-se no contexto da vida e da ação pastoral da Igreja. “Alguns discípulos missionários do Senhor são chamados a servir à Igreja como diáconos permanentes, fortalecidos, em sua maioria, pela dupla sacramentalidade do matrimônio e da ordem. São ordenados para o serviço da Palavra, da Liturgia e da Caridade, também acompanhando a formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, onde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja” (DAp 205).
“Os novos caminhos exigem que a Igreja na Amazônia faça propostas determinadas, que devam ter “ousadia” e “não ter medo”, como nos pede o Papa Francisco.
Nesse sentido, o Vaticano II nos lembra que todo o povo de Deus participa do sacerdócio de Cristo, embora distinguindo o sacerdócio comum, do sacerdócio ministerial (LG 10). Partindo daí, urge avaliar e repensar os ministérios que hoje são necessários para responder aos objetivos de “uma Igreja com rosto Amazônico e uma Igreja com rosto indígena” (Fr.PM). Uma prioridade é definir os conteúdos, métodos e atitudes para se constituir uma pastoral evangelizadora, ministerial e inculturada, capaz de responder aos grandes desafios no território. Outra é propor novos ministérios e serviços para os diferentes agentes de pastoral que respondem pelas tarefas e responsabilidades da comunidade amazônica. Também é necessário promover o clero indígena e os que nasceram no território, afirmando sua própria identidade cultural e seus valores. Contudo, é preciso repensar novos caminhos para que o Povo de Deus tenha melhor e frequente acesso à Eucaristia, centro da vida cristã (DAp 251).
Contudo, o diaconado permanente é um exemplo de que a igreja pode criar e recriar ministérios; na Arquidiocese de Manaus há 48 (QUARENTA E OITO) diáconos, sendo 739 (SETECENTOS E TRINTA E NOVE) diáconos em toda Amazônia Brasileira, o que é muito pouco, muito pouco.
Deve-se profundar o processo de mudança para o diaconado permanente na dimensão ministerial da Igreja e sem revisão desta dinâmica da ministerialidade não teremos a força para assegurar a presença da Igreja e do Cristo Eucarístico junto às comunidades. A Eucaristia é um dom que pertence a uma comunidade eclesial, não somente a um ministério!
Somos chamados a entrar com o coração aberto nesse novo caminho eclesial. Todos são chamados a conviver com as mudanças nas comunidades e a comprometer-se com a defesa de suas vidas, a amá-los e amar as suas culturas. A espiritualidade praticada com os pés na terra oferece a possibilidade de encontrar a alegria e o gosto de conviver com os povos amazônicos.
As comunidades que têm direito de serem alimentadas pelo pão da Eucaristia, da Palavra e pelos Sacramentos. Crescemos muito nos ministérios leigos(as), vida consagrada, formamos catequistas, animadores de comunidades, ministros e ministras da palavra, das exéquias e da sagrada comunhão; são formados e ordenados padres diocesanos e diáconos permanentes; nos últimos tempos, já temos um clero local que, se não é numeroso, tem identidade própria. Mas as necessidades ainda são grandes e as nossas características regionais que exigem soluções diferenciadas, onde nós diáconos permanentes colocamo-nos como CRISTO SERVO.
Seguimos os rumos traçados pelo processo sinodal na firme esperança de construir uma Igreja que responda mais fielmente ao que Deus quer e o que o povo precisa.
Neste caminho trilhado, não iremos retroceder. Convocamos nossas comunidades, a tomar parte nesta estrada, a experimentar a catolicidade da nossa Igreja que em comunhão se coloca ao serviço da vida. Estamos juntos. Estamos com o Sínodo. Estamos com o Papa. Não nos faltarão as forças, velam por nós os Mártires destas terras (47ª Assembleia da CNBB Regional Norte 1).
Assim, rezemos para que as decisões que serão tomadas por este Sínodo contribuam para uma ação evangelizadora encarnada na realidade dos povos das Florestas Amazônicas e na afirmação de que a Casa Comum, em toda a sua diversidade, é uma expressão da graça amorosa do Deus da Criação, reconhecendo que a força criativa de Deus transcende a capacidade humana de compreender a complexidade da vida presente no bioma amazônico.
Portanto, chamados a viver uma Igreja em saída, num estado de êxodo, de peregrinação, de compromisso, não nos acomodando, que a vida no ministério diaconal seja a semente da mudança, da possibilidade, da esperança.
Que Maria de Nazaré, expressão da face materna de Deus no meio de nosso povo, por sua intercessão, acompanhe os passos da Igreja de seu Filho nas águas e terras amazônicas.
Ao querido Papa Francisco, nossa oração.
E aos irmãos e irmãs, nossa gratidão a DEUS por sermos chamados a servir.
Louvado sejas, meu Senhor.
Manaus (AM), 04 de outubro de 2019 – Dia de São Francisco de Assis, Patrono da Ecologia
Diácono Francisco Salvador Pontes Filho
Presidente da Comissão Nacional dos Diáconos do Brasil.