Homilía Misa Inaugural del 2º Congreso del Diaconado Permanente de Latinoamerica y el Caribe

P5250079_75x100Apóstolos de novas fronteiras

 

II Congresso Latino Americano e Caribenho de Diaconado Permanete

Itaici, 24/05/2011

 

Homilia

 

A Eucarística que estamos celebrando abre o II Congresso Latino Americano e Caribenho do Diaconado Permanente. Aqui estamos todos como ouvintes da Palavra e servidores do Reino de Deus. A celebração do nosso Congresso, no tempo pascal, é iluminado e impulsionado pelo Crucificado-Ressuscitado. Aquele que se fez servo de todos foi obediente até a morte e morte de Cruz. Foi ouvinte da palavra, ouvinte da vontade do Pai. No seu amor generoso e gratuito resgatou a todas as criaturas e instaurou o Reino da verdade e da graça, Reino da justiça do amor e da paz; abriu, assim, novas fronteiras.

Ao enviar os discípulos: “ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura” (Mc 16,15), pediu que rompessem as barreiras e abrissem novas fronteiras, guiados pela força do Espírito Santo, para que todos soubessem que são filhos e filhas do mesmo Pai. 

O evangelho de João que acabamos de ouvir nos traz o consolo da presença do Senhor: “Não se perturbe nem se intimide o vosso coração. Ouvistes que eu vos disse: ‘vou, mas voltarei a vós’“ (Jo 14,27-28). Não permaneceram órfãos os discípulos, não estamos órfãos, nós. Ele permanece conosco, pois está vindo sempre. A fé nos ensina esse movimento maravilhoso de encontro. Ele veio desejo de tornar-se para nós “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Como caminho, verdade e vida ele está vindo sempre, Ele é um por vir. Um por vir, porque veio ao nosso encontro por ama-nos e continua buscando nossa pessoa. Vai, mas volta sempre. Está voltando sempre transformando e fecundando a nossa vida.

No voltar nos busca e nos possibilita sermos seus irmãos, filhos do mesmo Pai. Na sua volta nos busca e nos faz seus discípulos missionários. Na sua volta nos busca e nos faz participar de sua vida e missão. Na sua volta nos busca e nos envia para servir o Povo de Deus na diaconia da liturgia, da Palavra e da caridade (LG, 29). Ele sempre nos envia para sermos os servidores da mesa da Palavra, da mesa do Pão e da mesa da caridade.

Desejoso de sempre encontrar-nos nos convida a uma vida sempre mais intensa com Ele. Como diz o apóstolo: até termos a estatura de Cristo ou sermos revestidos de Cristo. No amor Ele nos convida a encontros sempre mais profundos, fecundos, maduros, transformadores. Isso para que a nossa pessoa, a nossa vida e missão como diáconos, seja a presença da Palavra e sua presença servidora hoje.

Nossa vida e missão como diáconos é uma correspondência de amor ao chamado gratuito que o Senhor fez. Correspondência amorosa significa uma vida de generosidade, de entrega, de serviço com a mesma desmedida e a mesma disponibilidade dAquele que nos chamou e enviou. Uma vida e missão na gratuidade como foi a vida e missão de Jesus, o servidor de todos. Santo Agostinho nos recorda a nossa vida e missão como servidores: “Quem é posto à frente do povo deve ser o primeiro a dar-se conta de que é servo de todos. E não desdenhe de o ser, repito, não desdenhe de ser servo de todos, pois não desdenhou de se tornar nosso servo aquele que é o Senhor dos senhores”.[1]

O Documento de Aparecida nos recorda, no entanto, que Ele continua vindo pela vida e missão do diácono ao nos dizer: “Alguns discípulos e missionários do Senhor são chamados a servir à Igreja como diáconos permanentes, fortalecidos, em sua maioria, pela dupla sacramentalidade do matrimônio e da Ordem. Eles são ordenados para o serviço da Palavra, da caridade e da liturgia, especialmente para os sacramentos do batismo e do Matrimônio; também para acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais, especialmente nas fronteiras geográficas e culturais, onde ordinariamente não chega a ação evangelizadora da Igreja” (DAp 205).

         Além de vir e encontrar-se com as pessoas, com a comunidade de fé, Ele vem pela presença, vida e missão, do diácono na formação de novas comunidades eclesiais, em fronteiras geográficas e culturais onde não chega a ação evangelizadora da Igreja. Ele vem, Ele se manifesta, Ele anuncia pelo testemunho dAquele que rompe as fronteiras geográficas e culturais. Pois, é pela ação evangelizadora da Igreja que as pessoas e as comunidades experimentam a salvação.

         As fronteiras geográficas hoje são muitas: outros continentes, outros países, outras dioceses, as nossas periferias, o nosso sertão, as nossas universidades. A fronteira cultural é ainda maior no mundo em que vivemos: a cultura indígena, a afrodescendente; as culturas que recebemos em nossos países com a presença de tantos povos; mas também a  cultura técnico-científica, a cultura virtual. Não podemos esquecer da cultura da violência, da droga, da exploração da marginalização de tantas pessoas. Fronteiras culturais necessitadas de apóstolos que ofereçam a força transformadora do Evangelho.

Todas essas fronteiras tão ricas de nosso tempo onde o Senhor está presente e nos convida a sermos a sua presença amorosa e gratuita. Por isso a Igreja “espera dos diáconos um testemunho evangélico e um impulso missionário para que sejam apóstolos em suas famílias, em seus trabalhos, em suas comunidades e nas novas fronteiras da missão.” (DAp 208).

As novas fronteiras geográficas e culturais provocam os diáconos a realizarem a vida e missão em comunhão. “Cada diácono permanente deve cultivar esmeradamente sua inserção no corpo diaconal, em fiel comunhão com seu bispo e em estreita unidade com os presbíteros e os demais membros do povo de Deus” (Dap 206).

Os Atos dos Apóstolos, nesse tempo precioso da Páscoa, faz a memória de como o Crucificado-Ressuscitado, pela força do Espírito Santo, atingiu novas fronteiras geográficas e culturais. Ouvimos e vemos como a Vida do Reino, no testemunho dos Apóstolos, especialmente de Paulo, vai sendo acolhido, vai suscitando Comunidades vivas. A primeira leitura ouvida afirma o testemunho de Paulo e Barnabé. Quantas fronteiras indicadas: Listra, Icônio, Antioquia, Pisídia, Panfília, Perge, Atália. Tivéssemos o mesmo ardor, fervor e o mesmo amor desses homens que levaram Jesus Cristo às novas fronteiras geográficas e culturais.

Lemos nos Atos dos Apóstolos: “Escolhei, irmãos, dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria (…) E a palavra de Deus se difundia e aumentava de maneira extraordinária o número dos discípulos em Jerusalém” (At 6, 1-7). Correspondamos à graça que recebemos: vivamos Jesus, anunciemos Jesus, testemunhemos a Jesus Cristo Crucificado-Ressuscitado como apóstolos nas novas fronteiras geográficas e culturais.

Assim, poderemos, também nós depois de termos percorrido novas fronteiras geográficas e culturais, retornar à Antioquia, de onde Paulo e Barnabé “tinham saído para o trabalho que haviam realizado (…)”. E como eles contar “tudo o que Deus fizera por meio deles e como havia aberto a porta da fé para os pagãos” ( At 14,27-28).

O Espírito Santo que fez surgir na Igreja o ministério do diaconado e nos faz participes da vida da Igreja como diáconos, ilumine nosso II Congresso Latino Americano Caribenho. Maria, discípula missionária, nos ensine a buscarmos as novas fronteiras geográficas e culturais para darmos à luz Aquele que sempre está por vir. Amém.

 

+ Leonardo Ulrich St
einer

Bispo prelado de São Félix do Araguaia

Secretário Geral da CNBB

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Santo Agostinho, Serm. 32,1:PLS 2,637.

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