Homilia de D. António Maria Bessa Taipa, bispo auxiliar de Porto, na missa de ordenação de três diáconos permanentes

Missa de ordenação de três diáconos permanentesdia 8 de Dezembro, 3 novos Diáconos Permanentes. A cerimónia terá lugar na Sé do Porto, às 16h.

Novos diáconos:

Arsénio Ferreira Ribeiro – Recesinhos (S. Mamede), Penafiel

João Adriano de Carvalho Pinto – Padrão da Légua, Matosinhos

Jorge Manuel de Sousa Gomes – Moreira, Maia

 

Homilia de D. António Maria Bessa Taipa, bispo auxiliar de Porto

 

1 – Recordamos e preparamos a vinda do Senhor, celebramos a solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, e ordenamos três Diáconos Permanentes.

Tudo converge em Jesus de Nazaré, que a Senhora concebeu e deu à luz por graça do Espírito Santo, que apaixonou e determinou a vida destes ordinandos. Esse Jesus que veio, vem e virá.

2 – “Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”. É a palavra que abre caminho à sua primeira vinda Jesus. É assim que Maria encerra este belo e pedagógico diálogo com o Anjo da Anunciação. Com Deus. Um diálogo entre Deus e a sua criatura. Um namoro. O objetivo é conquistar a amada para colaborar no projeto que tem concebido desde antes da criação do mundo, “escolheu-nos para sermos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença” , “predestinou-nos para sermos seus filhos adotivos por Jesus cristo” (Ef 1,4-5).

No “sim“ de Maria Deus encontrou a esposa do seu coração. Foi a sua alegria, foi a alegria da Virgem “alegra-te”. Foi o encontro que Deus esperava desde toda a eternidade, o coroamento do seu sonho de amor.

3 – Esta menina, esta jovem judia, neste diálogo com o seu Senhor, é aquela “mulher” para a qual, desde o princípio do mundo, está voltada a humanidade na esperança da sua reconciliação com Deus. “Estabelecerei inimizade entre ti e a mulher, diz o Senhor à serpente, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu a atingirás no calcanhar” (Gn 3, 15). É o “sim” de deus à sua promessa.

É a misericórdia de Deus a revelar-se.

4 – Maria define-se, diz-se toda, naquela resposta final e conclusiva ao Anjo da Anunciação. Ela é resposta à Palavra. É ressonância da Palavra que a diz na sua fé javista. Na confiança absoluta no seu Deus que ela sabe que não engana nem desilude aqueles e aquelas que nele confiam. Define-a na sua liberdade em relação a todos e a tudo. Ao que pensa, ao que é, aos projectos que acalenta no seu coração de jovem. Ao seu futuro. É a sua pobreza. A sua liberdade. Tudo fica na mão daquele que a chama, que a convida para o seu “projeto de vida”, deixem-me dizer assim. Projeto de que ela não terá ainda consciência plena. Mas acredita. Confia. Entrega-se à omnipotência da Palavra. No fundo, da Palavra a que ela vai dar um rosto humano.

É a voz de um coração preparado por Deus. Que Deus preservou do pecado desde a sua conceção no seio de sua mãe. Que Deus libertou de toda a resistência ao seu amor.

5 – Naquele “sim” encontrou Deus o “espaço” humano para a incarnação de seu Filho, a resposta que esperava do povo que escolhera e que vinha preparando desde há séculos, para o acolhimento de seu Filho. Foi único o seu papel na História da Salvação.

Uma dignidade com que nenhuma mulher ousaria sequer sonhar, ser Mãe do Redentor. Por isso vai ser elevada à consideração de todas as gerações, “todos me hão-de chamar bem-aventurada”. “Felizes os que ouvem a palavra e a põem em prática”.

6 – Entregue ao projeto e Deus, nas mãos do seu Senhor, Maria vai acompanhar o seu Filho até ao momento mais alto da sua vida. Ao momento supremo da sua revelação. Até ao Calvário. A grande Hora.

Mãe. Também ela se entrega ao Pai na mais profunda e mais dolorosa comunhão com aquele que é sangue do seu sangue, e que ali vê entregue ao mais vil e hediondo suplício, o suplício da cruz. Só. Abandonado de todos. É também a sua “morte”, da mãe. O seu grande sacrifício.

7 – E é ali, envolvida neste misterioso abismo de amor e comunhão, que Jesus a constitui nossa mãe, e a nós, seus filhos, na ordem espiritual. “Mulher, Eis o teu Filho”, disse à Mãe “, e depois disse ao Discípulo Amado que ali nos representava a todos “eis a tua Mãe”, “Ecce Mater tua”.

8 – Assim a coloca Jesus entre Ele e nós, neste diálogo de salvação com Deus, de que Ele é a última e definitiva Palavra.

Maria assume, cominua a sua obediência à palavra. Assume a nova condição: ser Mãe Espiritual de todos os crentes. Continua a sua singularidade na História da salvação.

9 – É vê-la em Caná da Galileia. “Não têm vinho” confidencia ela a Jesus. Vai ser uma humilhação, uma vergonha para esta pobre gente que nos convidou. Maria sente-o:

Também hoje leva até Ele, a nossa vida a que ela está particularmente atenta. Não têm trabalho. Não têm possibilidades de responder às exigências do seu dia a dia. Vivem tristes. Dominados por uma situação escura, para a qual não encontram luz capaz. Alguns vivem mesmo sem esperança. Aterrorizados diante de um futuro que imaginam tenebroso. Tantos que têm que fugir da sua terra… Dirá hoje a seu Filho.

Atenta àqueles que o Filho lhe confiou, ela entrega-os aos cuidados do seu divino coração, amantíssimo, que é fruto das suas entranhas.

10 – Mas se fala de nós a Jesus, também a nós, nos fala d’Ele. “Fazei o que Ele vos disser”, diz ela aos servos naquelas bodas de casamento.

É palavra que continua a dizer-nos, também hoje. Agora. Jesus de Nazaré é o caminho das nossas vidas. É nele e por ele que o nosso peregrinar tem sentido, é nele e por ele que a nossa vida é um caminhar de mãos dadas para o Pai. É nele e por ele que a vida vale sempre a pena ser vivida em todos os momentos e em todas as situações. É nele e por ele que sentimos e ouvimos a palavra amorosa do Pai.

11 – É este Jesus que apaixona estes que, por sua graça, vão ser ordenados Diáconos. Queremos acolhê-los como dons de Deus. Como sinais do seu amor à Igreja a que os envia.

Diáconos para seu serviço. Dessa Igreja e do mundo. Chamados por ele, deles se espera que, à imagem da Mãe, estejam atentos à vida dos seus irmãos. Que sejam sensíveis à sua vida, que sintam as suas dores e angústias, para os levar aos cuidados do Jesus que os chama e envia.

12 – Deles se espera que, àqueles que vão servir, levem o mesmo Jesus. Que os sirvam no serviço da palavra e da celebração. Que lhes anunciem e os instruam no seu conhecimento. Que os façam sentir o encanto e a beleza da palavra. A alegria do evangelho.

17 – Por isso deles se espera um claro e profundo amor à comunidade que há-de transparecer na delicadeza e na humildade, no carinho e na dedicação, com que a servem.

E deles se espera também o devido cuidado numa formação que se quer e espera permanente e constante. E a sua oração.

Deus estará com eles. E estará. E a Virgem Imaculada, também as suas dificuldades e projectos, as suas dificuldades e problemas, levará até Jesus que providenciará. E também a eles, e com o afeto de mãe amantíssima, como ela é, lhes dirá “Olhai e fazei o que Ele vos disser”.

Na obediência a esta palavra estará o segredo da sua felicidade.

 

+ António Maria Bessa Taipa

 

Tomado de: http://www.diocese-porto.pt

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