DIÁCONOS COMO AGENTES DA INICIAÇÃO CRISTÃ

Duas questões, importantes, foram expostas na assembleia dos diáconos permanentes da Diocese do Porto, realizada no passado dia 4 de julho, via internet. A primeira o reconhecimento por parte do senhor bispo do Porto, D. Manuel Linda, de que os diáconos possuem uma capacidade específica no campo da evangelização, devido aos ambientes em que vivem, com família constituída, sendo pais e até avós alguns, uma inserção profissional e uma atividade cívica, que os presbíteros e bispos não possuem, certamente indiciadores de outras, mas estas marcas são mais vividas pelos diáconos. A segunda, a fraquíssima participações dos diáconos, nestas assembleias, de 99 diáconos existentes, estavam presentes 22.

Tem toda a razão o senhor bispo do Porto, quando refere que as referências mentais familiares e profissionais do diaconado são diferentes, daqueles que não as têm, que passaram por um seminário, foram colocados como párocos, sem terem presente nem a missão, nem a dimensão da sociedade, nomeadamente a vivência do ambiente familiar e atividade profissional. Quer isto dizer, que ninguém se anula, ambos se complementam. Nomeadamente referiu o senhor bispo do Porto, as caraterísticas especiais do diaconado, na Igreja Católica Romana do ocidente, na iniciação cristã, no sacramento do batismo. O que significa que os diáconos não devem servir para ser “chamados a fazer um batismo”, mas sim estar adentro da iniciação cristã da criança e da sua família ou dos adultos que se querem batizar. Sabe-se, porém, que tantas vezes os párocos batizam e quando o fazem é a única forma de conhecer os seus paroquianos, e por isso terão todo o interesse em fazer a liturgia batismal. Embora compreenda, creio que será uma falsa questão, ou o diácono não estará a fazer devidamente o seu trabalho de evangelização. Porque quando o faz, primeiro evangeliza e é evangelizado, segundo o caminho batismal é de toda uma comunidade, e o diácono deve saber transbordar um caminhante não assíduo na evangelização, em um servo do senhor Jesus. Por isso, não existe esta questão e o caminho da iniciação cristã, mormente batismal, de bebés, ou adultos deve ser entregue aos diáconos permanentes. Desde, claro, que tal não sirva para o pároco-presbítero ter mais tempo para uma tarefa que é a de “mestre-de-obras”, o que é um bom âmbito para que os leigos e as leigas, comecem a tomar decisões neste sentido. O mesmo que se passa no batismo, passar-se-á nas exéquias, onde as famílias devem ser bem acompanhadas pela comunidade e dinamizadas pelos diáconos permanentes, e, também, aqui, os esquemas culturais dos diáconos são outros, porque sabem da vida, e podem ter um atendimento, não de escala, mas de quando é preciso. E nestas dimensões os padres “perdem” tanto tempo, porque querem o domínio, o poder de decidir, e não delegam com confiança nos diáconos, que tantas vezes, mais experiência da vida têm. Mais uma vez, faz todo o sentido que presbítero e diácono trabalham em profunda complementaridade e sem uma sobreposição de um sobre o outro. O Sr. Padre não sabe tudo, como o Sr. Diácono também não.

O segundo ponto que coloco no início, pode ser dramático, no sentido que é profusamente uma indiferença da grande maioria dos diáconos da Diocese do Porto. O tema do encontro geral era: “A iniciação cristã na missão do diácono permanente: realidade e desafios”, que constitui uma realidade substantiva para todos os diáconos, que em alguma percentagem se sentem excluídos e marginalizados nos trabalhos das suas comunidades cristãs, quando as têm. Existiram duas exposições que foram preparadas por dois grupos de diáconos e cujos porta-vozes as leram; havia uma outra, mas o diácono responsável, por algo atinente não compareceu à reunião. Saber porque acontece tão pouca presença dos diáconos, a um encontro com tanto interesse, ou mesmo na reunião muito poucas intervenções se ouviram é algo que deve ser ponderado pelos responsáveis na diocese do diaconado permanente. Ou eles, os diáconos, estão devidamente informados e estas reuniões para nada servem, ou os responsáveis não foram capazes da sua mobilização.
É dramática a não presença dos diáconos, ou a sua não intervenção sobre os vários temas, numa reunião com o seu bispo. Deve ser repensado todo o modo de ação. Isso passa por ouvir, escutar, sem que para tal esteja uma multidão. Ouvir ativamente para perceber o que se passará, e de nada serve que um diácono tenha um problema, o coloque ao delegado episcopal e este “nada tenha a dizer”. São situações destas que colocam o diaconado do Porto, em reserva, ou seja, em “defesa”, e não se dê definitivamente à missão, como seria necessário.

Pode acontecer que tudo permaneça na mesma, que os diáconos sejam excluídos de forma categórica do serviço à Humanidade, e por isso não compareçam, até para não ficarem marcados, o que nada é abonatório para uma Diocese como a do Porto. O que a Igreja do Porto quer dos diáconos tem de ser refletido, eles são necessários. Já repararam se o diácono São Francisco de Assis, não existisse? Já repararam se o diácono Filipe, não existisse?

Igreja minha, Igreja minha, cumpre o teu caminho de anunciar o Evangelho, Jesus morto e ressuscitado!

Joaquim Armindo

Diácono – Porto – Portugal

Doutor em Ecologia e Saúde Ambiental

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