Caminho do diaconado

Assistimos a uma análise do diaconado, do seu caminho e das questões que se colocam na restauração deste ministério. Até porque não existem “Diáconos Permanentes”, mas “Diáconos”, uns ficam neste grau, outros seguem para outros graus. A palavra “Permanente” surge para distinguir daqueles que serão mais tarde presbíteros, isto é, que não ficam permanentemente só como diáconos. Todos os presbíteros ou bispos são diáconos, este grau humano, é uma Graça de Deus, e essa ninguém a poderá retirar. Como no batismo, a igreja não desbatiza, nem, então, desordena. Por isso, todos somos diáconos, mesmo que tenhamos um outro grau, que não hierárquico, mas é outro, com a mesma Graça de Jesus. Jesus ao Ressuscitar quebrou os tabus e, por isso, marcou “como uma ferradura” os nossos corpos com a Graça da Ordenação. Não tanto pela sua morte, mas pela sua Ressurreição. Jesus deu o poder de servir a 12 apóstolos, depois morreu um – Judas, que não é traidor -, entrou outro, Matias -que pouco se sabe dele -, e Paulo de Tarso, que devia ter recebido a Graça dos outros apóstolos. Estes, porém, eram só 13, pelo que necessitavam de mais cristãos, ordenaram a 72 que servissem também à mesa das Vidas, eram os diáconos. A Igreja estabeleceu também os presbíteros, ordenados sacerdotes, passando-lhes a Graça do Serviço. A Igreja Católica Romana acabaria com este grau de diácono – já que as igrejas orientais, anglicanas, reformadas, luteranas, continuaram com diáconos, homens e mulheres -, que reapareceu com o último concilio da Igreja.

Este reaparecimento do diaconado “permanente” não tem sido pacífico, por muitas e variegadas razões, duas das quais se terão verificado talvez por má formação – não intencional -, dos presbíteros (a que o comum das pessoas chama “padre”), do nosso povo cristão e dos próprios diáconos. Dizem-nos que nas zonas rurais o povo cristão aceita menos o diaconado, do que nas zonas urbanas, não vemos, contudo, se o apoio dos presbíteros e dos bispos for encorajador, que este nosso povo não aceite o diaconado, tal como os apóstolos o quiseram. Dizem-nos que os diáconos estão mais adstritos às paróquias e aos párocos, e não exercem o seu ministério em outros setores e, que, porventura, deveriam exercer o seu ministério noutras paróquias onde não tenham crescido na fé. Estas conclusões só dependem dos bispos das dioceses onde os diáconos exercem o ministério, mas são pertinentes. Tal como os presbíteros que estagiam e são colocados noutras paróquias de onde não provêm e não realizaram estágio, também o diaconado deverá seguir esses passos.

Dizem-nos que os diáconos estão muito dedicados à colaboração da Liturgia, do que no da Caridade. Na generalidade é verdade, mas porque tão somente os colocam aí. A Caridade ainda é exercida como uma atitude de socorro e não de Amor, de que Paulo fala. Ora, quando socorro alguém, esse fica a “dever-me um favor”, o que contemplará um “poder” sobre os mais desfavorecidos, que muitos “padres” não quererão perder. Como o diaconado é o “serviço à mesa” ninguém deve favores a ninguém, mas retiram poderes, poderes que Jesus, Senhor Nosso, nunca quis. A Caridade nunca acaba, o Amor não tem preço, nem poderes, mas há quem queira obter proveito, mesmo económicos, desta atitude fraterna de partilha, onde tudo é comum.
Uma outra realidade se coloca, hoje, neste momento, e nestes lugares, os presbíteros escasseiam, e com os diáconos isso não se passa. Embora tal não seja determinante para o múnus do diácono, ou da sua existência ou não, a verdade é que existindo presbíteros com quatro e mais paróquias, os diáconos podem exercer a sua atividade em complementação com os presbíteros existentes, nas suas vigararias. Autênticas equipas pastorais, onde ninguém é mais que o outro, mas ambos convergem para o Jesus Ressuscitado. Afinal o que nos move a todos, é ser sinal sacramental da presença de Jesus Cristo, Servo de todos e todas, num mundo atribulado, que só o é, porque todos contribuímos para tal. Não fomos Sinal da Graça que Jesus nos deu, mas sinal de poderes ignóbeis.

Aqui ficam algumas reflexões, ao jeito corrente, do ministério diaconal. Talvez alguém leia e reflita juntamente comigo, em comunhão com Jesus.

Joaquim Armindo
Diácono da Diocese do Porto – Portugal

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