Encontro Nacional de Diáconos de Portugal: "A diaconia e a caridade da Igreja no mundo contemporâneo"

António Jesus Cunha, diácono da Diocese do Porto

Enviado por: Mario Henrique Pinto

Promovido pela Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, realizou-se no dia 1 de dezembro em Fátima, o Encontro Nacional de Diáconos . Presidiu D. António Augusto Azevedo (Bispo Auxiliar do Porto), presidente da Comissão. Moderou o P. José Alfredo  Costa, secretário da Comissão e Reitor do Seminário Maior do Porto. Participaram os outros bispos da Comissão, D. Nuno Almeida (Bispo Auxiliar de Braga) e D. João Marcos (Bispo de Beja), os delegados episcopais para o diaconado das Dioceses de Aveiro, Braga, Porto, e dezenas de Diáconos das diocese de Aveiro, Braga, Coimbra, Évora, Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Viseu. Na abertura, D. António Augusto afirmou que é seu objetivo valorizar este encontro, ajudar os Diáconos em tudo o que for possível. Igual propósito formulou o Cón. José Alfredo Costa, sobretudo na proximidade com todos os diáconos.

O tema“A diaconia e a caridade da Igreja no mundo contemporâneo” foi desenvolvido em  duas conferências: “O Diácono e o exercício da caridade” pelo Prof. Doutor João Duque (UCP- Braga); “O Diácono e o estilo mariano de servir” (Doutor Pedro Valinho (Santuário de Fátima).  Não é fácil descrever a riqueza das duas conferências que focaram aspetos essenciais da relação do Diácono com o exercício da caridade. Lembro, a propósito, a frase de São João Paulo II sobre os Diáconos, lembrada pelo Papa Francisco: “Os pioneiros da nova civilização do amor”.

O Prof. João Duque lembrou que o conceito de caridade é o que melhor exprime o cristianismo. Daí a sua gratuidade, aspeto nuclear no cristianismo: relação com todos os seres humanos, a responsabilidade que cada um tem pelos outros de forma gratuita. O serviço implica dar a vida – em relação interpessoal – e mede-se pela prática de cada um perante o próximo.  A caridade pessoal não carece de organização. Tem de ser “ desorganizada”, porque permanentemente em prática. Daí a necessidade dum Ministério do Serviço (Caridade), criado pelos próprios Apóstolos (Atos 6, 1-7). Este ministério é a concentração simbólica de algo que é comum a toda a Igreja, que faz parte da sua essência (“Vede como eles se amam”). Abordou aspetos muito importantes da prática do Ministério do Diácono, da sua sacramentalidade, da sua ligação direta ao Bispo e da comunhão com o presbítero. O mistério diaconal passa muito por velar que a organização da caridade não contradiga a gratuidade e que a prática da caridade não seja negócio. Foi dito que a formação para o diaconado permanente tem que obrigatoriamente ter em conta  a centralidade caritativa do Ministério do Diácono, para além duma sólida  formação teológica e pastoral.

A  conferência do Doutor Pedro Valinho abordou aspetos muitos profundos do viver o Ministério do Serviço olhando para Maria como estilo. Ser diácono de modo mariano implica viver o escândalo do Cristo nu: a partir do lava-pés em que Jesus se “despe”, se despoja, como sinal do que vai acontecer na cruz. Ou seja: Jesus serve a sua vida para garantir que não precisamos de dar a nossa. Implica também entender ser diácono como presença apagada. Aos olhos do mundo, será sempre olhado como “fracassado”. Não é chamado a ser herói, mas ao despojamento (lava-pés).  Ser diácono é assumir uma vida, uma história, que não é deste mundo: assumir a história de Cristo. O que espera a Igreja do diácono?  Que viva o “escândalo do Cristo nu”: “ajoelhar diante do outro para lhe servir a vida”.
Ser diácono ao estilo de Maria é preciso aprender dela: não viveu para si mesma e resistiu  a ser heroína; não teve sucesso para oferecer; viveu em intimidade com o Mistério de Deus; teve a capacidade de esperar contra toda a esperança; colocou toda a sua vida nas mãos de Deus, centro da sua história (“ser santo é girar em volta de Deus”); o seu estilo é o de Cristo.
O episódio das Bodas de Cana ensina-nos em Maria como a diaconia deve ser apagada. O episódio na sua simbologia  reporta-nos à Aliança entre Deus e o seu povo. A esta aliança faltou o “vinho”. Este desencontro está simbolizado nas talhas vazias. Maria estava lá, como quem sabe que é ali que deve estar e ajuda a reencontrar o caminho da Aliança: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

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