Por que o diácono nao deve relutar em ser homem da Caridade

Diácono José Carlos Pascoal Diocese de Jundiaí/SP

Revista Diaconos CNDB

O diácono permanente pode e deve agir na Igreja de muitas manei- ras. Seu ministério oferece um leque de espagos de ministrar a Palavra, de celebrar a Liturgia e, principalmente, de exercer a caridade. Nao ter a “sede” do poder, mas a “sede” de servir.

Santo Inácio de Antioquia es- creve: “É dever dos diáconos, ministros dos mistérios de Jesus Cristo, procurar de toda maneira agradar a todos. Pois nao sao diáconos para a comida e bebida, mas ministros da Igreja de Deus” (Carta aos tralianos). É o testemunho no ministério que provoca o respeito da comunidade para com o diácono e do diácono para com a comunidade.

O santo continua exortando a comunidade: “Igualmente res- peitem todos os diáconos como a Jesus Cristo, do mesmo modo que tém reveréncia pelo bispo, figura do Pai, e pelos presbíteros, senado de Deus e conselheiros dos apóstolos. Sem eles (diáconos) nao existe a Igreja.” (Carta aos tralianos) O Espirito Santo promove esse entendimento. Respeitar para ser respeitado.

Ás vezes somos tentados a nos adornarmos com luxo e a celebrar em templos cada vez mais luxuosos, com esmero nos deta- lhes litúrgicos, com objetos cada vez mais chamativos. A simplicidade com seriedade de que nos fala o papa Francisco é deixada de lado quando nos deparamos com os exageros litúrgicos que querem imitar o ritual do Vaticano e nao atentam para as realidades regionais ou locais.

Sao Joao Crisóstomo (Das Homilias sobre Mateus) nos adverte: “Que proveito haveria, se a mesa de Cristo está coberta de tagas de ouro e ele próprio morre de fome? Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa. Fazes um cálice de ouro e nao dás um copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus tecidos de ouro, se nao lhe concederes nem mesmo a coberta necessária? Que lucro haverá?”

Devemos ter cuidado em nao privilegiar um servigo diaconal em detrimento de outro. Tao importante quanto a Palavra é a agao de caridade e misericórdia que ela provoca. Buscar receber os elogios da pregagao ou da agao litúrgica pode prejudicar a agao decorrente da Palavra e da Liturgia: o testemunho através das obras de Caridade. A Palavra nos impulsiona a Caridade, e a Caridade nos levar a louvar e agradecer a Deus através da Liturgia.

Sao Vicente de Paulo nos ensina (Dos seus Escritos): “Deve-se preferir o servigo dos pobres a tudo o mais e prestá-lo sem demora. Se na hora da oragao for necessário dar remédios ou auxilio a algum pobre, ide tranquilos, oferecendo a Deus esta agao como se estivésseis em oragao. Nao vos perturbeis com angústia ou medo de estar pecando por causa do abandono da oragao em favor do servigo dos pobres. Deus nao é desprezado, se por causa de Deus dele nos afastarmos, quer dizer, interrompermos a obra de Deus (a oragao) para realiza-la de outro modo (a caridade)”. E completa o grande santo da Caridade: “Portanto, ao abandonardes a oragao, a fim de socorrer a algum pobre, isto mesmo vos lembrará que o servigo é prestado a Deus. Pois a caridade é maior do que quaisquer regras, que, além do mais, devem todas tender a ela. E como a caridade é uma grande dama, faz-se necessário cumprir o que ordena. Por con- seguinte, prestemos com renovado ardor nosso servigo aos pobres; de modo particular aos abandonados, indo mesmo a sua procura, pois nos foram dados como senhores e protetores” (idem).

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