Professora morre após ajudar cego a atravessar a rua

Diáconos, Órgão Informativo da Comissão Nacional dos Diáconos

Ano 4 – n º 46 – Maio de 2010

Itamar Melo, Jornal Zero Hora, Porto Alegre

 

Maria Paula Amaral Leal, 43 anos, casada, quatro filhos, professora de Ensino Religioso, morreu porque voltou atrás em seu caminho para ajudar uma pessoa. Morreu porque decidiu fazer o bem. Na noite de segunda-feira, 03 de maio, ao cruzar a pé a Avenida Benjamin Constant, em Porto Alegre, Maria Paula deparou com um cego que aguardava para fazer a travessia no sentido contrário. Ela estava a uns passos da paróquia onde tinha uma reunião referente à catequese de dois de seus filhos, mas deu meia volta. Tomou o deficiente pelo braço e levou-o com segurança até o outro lado. Tarefa cumprida, começou o retorno. Não chegou ao final. Em cima da faixa de segurança, foi atingida por uma motocicleta.

 

A caminho da Paróquia São João Batista, na zona norte de Porto Alegre, o artesão e diácono Jorge Ricardo Leal, 48 anos, deparou com um corpo no asfalto e um congestionamento que o atrasou por alguns minutos. Seguiu adiante. Estava indo à igreja para buscar a mulher, a professora Maria Paula, em uma reunião da catequese de dois dos seus quatro filhos. Percorreu o templo e não a encontrou. Tentou ligar no celular, mas as chamadas não foram atendidas. Questionou o segurança da paróquia, que também não a havia visto. Então a conversa se voltou para o corpo no leito da Avenida Benjamin Constant, a poucos metros de distância. O vigia contou que era de uma mulher, atropelada depois de ajudar um cego a atravessar a rua. Nesse momento, Leal teve certeza: – É ela. Está sempre querendo ajudar as pessoas– disse.

 

Leal pôde fazer esse reconhecimento à distância, por sinais de solidariedade, porque essa era a marca que distinguia Paula – e que foi evocada à exaustão pela multidão que foi ao Cemitério da Santa Casa para despedir-se da professora. Havia também muito de indignação na emoção da despedida. Paula morreu sobre uma faixa de segurança, atropelada por uma moto que, segundo relatos, teria ultrapassado o sinal vermelho. – Ela era uma pessoa de coração muito bom. Morreu fazendo um gesto de caridade. Não chega de mãos vazias ao Céu – definiu o padre Luís Antônio Larratea, vigário paroquial da São João Batista, que estava no local na hora do acidente.

 

Quase todos os diáconos da Arquidiocese de Porto Alegre e grande número de presbíteros participaram da Missa de despedida de Maria Laura. À família enlutada, nossos sentimentos de conforto e nossas orações.

Deja una respuesta

Tu dirección de correo electrónico no será publicada. Los campos obligatorios están marcados con *