O diácono ao serviço na direção de comunidades cristãs

Traducción del original en español: Diácono Mario Henrique Pinto

No acampamento com jovens neste verão tive a oportunidade de caminhar junto com eles. Em várias ocasiões cruzamo-nos com vários pastores que conduziam seus rebanhos de ovelhas. As crianças e jovens comtemplavam atónitos a cena. É que os mais pequenos das nossas comunidades não estão acostumados a ver nem pastores nem rebanhos. Este acontecimento na vida do acampamento permitia-me orientar a oração da noite, a história de um Bom Pastor que colocava sobre seus ombros a ovelha ferida e a levava de novo para junto do rebanho para ser tratada e curada. Diante desta imagem e o texto do Evangelho os mais pequenos comentavam a experiência vivida…Jesus é o nosso Bom Pastor, Jesus é o Servo de todos … Alguns recordavam o presbítero de suas paróquias, outros ao diácono de sua comunidade. Este dia de acampamento facilita nossas palavras de hoje.

Durante os meses de Abril a Junho publicamos nesta editorial artigos relacionados com as funções diaconais. As Normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes  e  o Diretório do ministério e da vida dos diáconos permanentes, publicado pela Santa Sé na festividade da Cadeira de S. Pedro em 22 de Fevereiro de 1998, contem mais funções que as que se podem agrupar na tríade ministerial do diaconado: Liturgia, Palavra e Caridade. Nesta reflexão desejamos abordar de forma breve uma função que em determinada altura a Igreja reconheceu como própria do diácono e que pouco a pouco vai abrindo caminho na vida pastoral em muitas igrejas locais. Referimo-nos á direção de comunidades cristãs. Não pretendemos fazer um estudo sobre as razões pelas quais se está levando a cabo este serviço, nem sobre os efeitos que este ministério possa estar exercendo nas comunidades. Tão pouco é nosso objetivo fazer uma exegese do cânon 517 § 2, unicamente anotamos esta breve reflexão que expõe o progressivo desenvolvimento deste ministério conferido aos diáconos permanentes.

O artigo nº 41 do Diretório para o ministério e a vida dos diáconos permanentes assinala: “ Do mesmo modo, os diáconos podem de igual modo, assumir a direção, em nome do pároco ou do bispo, das comunidades cristãs dispersas. «É uma função missionária a realizar nos territórios, nos ambientes, nos estratos sociais, nos grupos, onde falte ou não se possa recorrer facilmente ao presbítero. Especialmente nos lugares onde nenhum sacerdote esteja disponível para celebrar a Eucaristia, o diácono reúne e dirige a comunidade numa celebração da Palavra com distribuição das sagradas Espécies, devidamente conservadas. É uma função supletiva que o diácono realiza por mandato eclesial quando se trata de remediar a escassez de sacerdotes». Em tais celebrações, não se deixará nunca de rezar pelo aumento das vocações sacerdotais, devidamente consideradas como indispensáveis. Na presença de um diácono, a participação no exercício da atividade pastoral não pode ser confiada a um leigo, nem a uma comunidade de pessoas; e o mesmo se diga em relação à presidência de uma celebração dominical”

O Diretório assinala que este serviço supõe uma “direção”, não uma presidência reservada ao presbítero, um ministério ante a ausência de presbíteros. Também indica que deve compreender-se a partir de uma perspetiva eminentemente “missionária”. Sempre com o acompanhamento de um presbítero, e em seu nome. Este ministério “diretivo” pode abarcar várias diaconias: territoriais, ambientais, estados sociais, grupos,… A esta direção comunitária vincula-se a presidência da Celebração da Palavra onde se convoca a Comunidade, se escuta a Palavra de Deus e se distribuem as sagradas Espécies.

O serviço diaconal do qual falamos surge na Igreja como um ministério excecional, unicamente deve realizar-se em situações de escassez de presbíteros que possam presidir as comunidades, e por tanto a Eucaristia. O Diretório assinala que o diácono deve ser reconhecido como ministro ordinário deste serviço extraordinário “ Se é dever do diácono o receber a tarefa do pároco e cooperar em comunhão com todos aqueles que partilham o cuidado pastoral, é também seu direito o serem aceites e plenamente reconhecidos por todos”.

A Universidade de Georgetown ( EEUU) publicou há pouco tempo umas estatísticas recolhidas do nosso site na web, referentes á Igreja dos Estados Unidos da América, onde estão presentes a maioria dos diáconos permanentes do mundo. Deixamos de lado os dados referentes ao laicado, que são muito significativos para concentrarmo-nos  no ministério ordenado ( presbíteros e diáconos). O estudo recolhe os últimos cinquenta anos, o período 1965 a 2015. Aí também se recorda que o número de presbíteros foi reduzido de 58.632 a 37.578. As ordenações sacerdotais por ano passaram de 994 a 515. Os seminaristas passaram de 8.325 a 3.650. Uma tendência preocupantemente em baixa.

No lado oposto encontra-se  o número de diáconos permanentes que passaram de 898 ( no ano 1975) a 18.082.

Com este número de ministros ordenados, a quantidade de paróquias dos EEUU não teve variações, dos 17.637 do ano 1965 continua mantendo-se em17.337. Mas o que mudou de forma significativa foi o número de paróquias sem presbítero residente, passando de 549 para 3.533.

Com esta situação, os bispos têm utilizado o cânon 517§2 de forma progressiva, confiando o cuidado pastoral da paróquia a um diácono ou alguma outra pessoa. Passando de 93 paróquias dirigidas por diáconos no ano 1985 a 431 no ano 2015 ( em só trinta anos)

Passaram cinquenta anos do Motu Próprio Sacrum diaconatus ordinem. Desde o Concílio Vaticano II, o Motu Próprio em seu número 22 explicitava este ministério próprio do diácono: “ O diácono pode guiar legitimamente, em nome do pároco ou do bispo, as comunidades cristãs distantes”.

No momento atual alguns pedem uma análise desta situação eclesial cada vez maior. São conscientes que esta revisão afeta a identidade e missão do ministério presbiteral e diaconal. Uns afirmam que no momento atual da nossa Igreja são muitos os lugares onde este ministério diaconal extraordinário se está convertendo em ordinário. Outros propõem interpretar este momento como um verdadeiro sinal dos tempos. Os diáconos que são convocados por seus bispos a levar a cabo esta direção de comunidades procuram desenvolve-la a partir de sua identidade de serviço próprio de seu ministério, que não se reduza a uma cópia simétrica do presbiteral, que entendem como insubstituível.

A própria Universidade de Georgetown, interpretando as referidas estatísticas publicava em Outubro o livro “Catholic Parishes of the 21st Century”. Como já referenciamos em dada altura, o livro descreve os caminhos e oportunidades que as paróquias católicas enfrentam num tempo com menos sacerdotes e membros da vida religiosa, mas com mais diáconos permanentes e ministros laicos. Os autores reconhecem que uma das grandes peças do quebra-cabeças para o futuro da Igreja dos Estados Unidos implica definir que lugar ocuparão os 18.000 diáconos permanentes estadunidenses, ao serem parte do clero, a grande maioria casados, numa realidade como a de EEUU onde pelo menos 40 por cento de suas paróquias contam pelo menos com um diácono permanente. Os autores pensam que a Igreja  está mais num  estado de mudança que num estado de diminuição. É lógico que nesta situação, as comunidades questionem:  Como reconstruímos ou voltamos à Igreja que conhecíamos e amávamos? Ou a quem culpamos pela “diminuição” que experimentamos, com menos sacerdotes, menos religiosas, paróquias fechadas ou fundidas e escolas ? O livro deixa umas perguntas abertas: a Igreja continuará enfrentando o futuro passando de uma crise a outra, de uma dificuldade a outra, ou empreenderá uma planificação mais deliberada, que aproveite os modelos consultivos que já funcionam em alguns lugares, para abrir um caminho mais claro ao futuro?

Relacionado com esta editorial, o informativo recolhe o aumento do diaconado permanente em Portugal, um crescimento de 70% desde 2010. A partir deste país chegam-nos também as referências do Patriarcado de Lisboa, que relacionado com as novas ordenações diaconais, reconhece no diaconado um meio evangelizador de primeira ordem.

Este mês conhecemos a nomeação do novo responsável da Congregação para a Doutrina da Fé, na pessoa de Monsenhor D. Luís Ladaria Ferrer, a notícia tem uma relevância pois além de sua condição de ibero-americano Monsenhor Ladaria é presidente da Comissão vaticana de Estudo sobre o diaconado feminino. Neste nível das nomeações destacam-se outros dois. Tornou-se público também a nomeação de Monsenhor Francisco Cerro Chaves, Bispo de Coria-Cáceres, como novo responsável do comité Nacional para o Diaconado Permanente da Conferência  episcopal Espanhola. Para além disto, o diácono Carlos Jiménez  da Cuesta, correspondente do México en Servir en las periferias, foi nomeado diretor do período propedêutico para o diaconado permanente na arquidiocese do México.

Seguem-se sucedendo convocatórias de encontros, retiros, reuniões diaconais. Acabamos de conhecer o programa da Conferência Nacional de diáconos hispânicos nos EEUU, o do IV Encontro Nacional de responsáveis do diaconado permanente no México, assim como os próximos eventos diaconais na arquidiocese do México. Também informamos de decisões das Igrejas locais referentes ao diaconado permanente; nesta ocasião o informativo comunica a decisão do presbítero de São Francisco (Córdova, Argentina) de promover o diaconado permanente, baseando-se na carta do bispo da Igreja local, Monsenhor Sergio Buenaventura.

O Informativo divulga alguns artigos interessantes sobre o diaconado permanente: “O diaconado no Cerimonial dos Bispos (I-II-III)”, “ O ministério diaconal na tradição romana do século XX” , “ A Pregação de ordenação de diáconos” , e “Visão ecuménica do diaconado”.

No campo dos testemunhos e experiências pastorais, o informativo recolhe a entrevista com o diácono português Pedro Moutinho, da arquidiocese de Lisboa, em Portugal, na sua condição de Diretor do Serviço Diocesano de acólitos.

Em nome da equipe de Redação e Coordenação, um fraternal abraço.

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