II Concílio do Vaticano: Resposta ao «mundo grávido» de desejos

Escrito por: 

Luís Filipe Santos

 

Quando o II Concílio do Vaticano começou “a mexer com a vida da Igreja e a impressionar o mundo”, o bispo de emérito de Portalegre-Castelo Branco, D. Augusto César, andava por terras de missão, em Moçambique. Segundo se ouvia da Comunicação Social, a iniciativa era devida, para uns, “à teimosia” do Papa João XXIII e, para outros, “à sua intuição de fé”.
Numa conferência, na Semana de Estudos sobre a Vida Consagrada e intitulada «A Igreja à luz do Concílio. Olhar retrospetivo», D. Augusto César disse aos participantes que pela “continuidade do que veio a acontecer”, não se duvida que “foi mesmo pela sua intuição de fé”.
Como a fé “tem outro modo de pensar”, o prelado referiu que o II Concílio do Vaticano ganhava “alento e dava sinais dum discernimento amplo e bem ponderado”. Segundo o orador, a Igreja pôs-se a olhar para “sim mesma e para a missão que lhe fora confiada” e também para o mundo “que se mostrava grávido de desejos incontidos, de promessas ambiciosas e de outras aventuras”.
A respiração do Concílio deu azo “a excessos e a sonhos descontrolados”, à semelhança de quem viaja nas “auto-estradas, com ânsia de chegar depressa e longe… deixando no esquecimento as pessoas que moram ao lado ou para além das bermas protegidas”, acentuou e exemplifica: “celebrações improvisadas ou mesmo desprovidas de verdadeira unção espiritual; uma certa empatia em relação à moda; algum desafeto pelo sagrado e, ainda, alguma sedução pela autonomia laica, contagiando o interior da família e a comunidade”.
Apesar dos excessos, D. Augusto César frisa também que este acontecimento despertou um entusiasmo “fecundo pela Palavra de Deus e pela Doutrina Social da Igreja.
Este bispo que foi também missionário em África revelou que, naquele continente, desenvolveram-se três aspectos “achados mais importantes: o catecumenato assumido e praticado com responsabilidade, em muitas missões; a formação de catequistas feita em centros apropriados e o conselho pastoral dos anciãos que estimulava a vivência comunitária e a boa prática dos sacramentos”.
Em relação à Europa, D. Augusto César – nascido em Celorico de Basto (Braga), em 1932 – aponta também algumas áreas onde as diretivas do II Concílio do Vaticano foram notórias: catequese da infância (só agora se vai recuperando a catequese dos adultos); ministérios laicais e ordenado (nestes, valorizando o diaconado permanente), a liturgia mais participada e atraente (à conta da música sacra bem cuidada) e, ainda, uma certa ação social atenta às pessoas mais necessitadas das paróquias.

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