Diaconado feminino: Faculdade de Teologia abre debate e acolhe lançamento de livro

Correspondente: Mario Henrique Pinto

“O diaconado feminino – Uma questão em aberto” é o tema do debate que a Universidade Católica vai acolher a 10 de abril, numa sessão que inclui a apresentação do livro “Mulheres diáconos – Passado, presente, futuro”.

A iniciativa, que decorre em Lisboa, conta com a participação de Phyllis Zagano, co-autora do volume, e do jesuíta Bernard Pottier, membros da Comissão Pontifícia para o Diaconado Feminino, e é moderada pelo jornalista António Marujo e a biblista Luísa Almendra.
O encontro, com entrada livre e tradução para português, é organizado pelo Centro de Investigação em Teologia e Estudos de Religião (CITER, Faculdade de Teologia) e pela Paulinas Editora, que publica o livro.

Phyllis Zagano é investigadora-associada sénior residente e professora-adjunta de Religião, na Universidade de Hofstra (Nova Iorque, EUA). Entre as suas obras, dedicadas à espiritualidade contemporânea e aos assuntos femininos na Igreja, destacam-se, pelos prémios recebidos, “Sábado Santo: Um argumento para a restauração do diaconado feminino na Igreja católica”, “Mulheres e catolicismo: Género, comunhão e autoridade” e “Mulheres diáconos? Ensaios com respostas”.

O P. Bernard Pottier, que ao doutoramento em teologia junta as licenciaturas em filosofia e psicologia, é professor de teologia dogmática e fundamental no Instituto de Estudos Teológicos (Bruxelas, Bélgica), e é membro da Comissão Teológica Internacional.

A iniciativa integra-se no projeto “Mulheres e Religiões”, que visa «ajudar a comunidade científica, as comunidades religiosas e as mulheres em geral a obter uma consciência mais informada dos problemas e oportunidades; do que deve ser feito, do que é possível e do que não pode ser feito para a efetiva promoção da condição feminina dentro das diferentes religiões»

Composta por seis homens e igual número de mulheres, a Comissão Pontifícia foi instituída em agosto de 2016 por Francisco para analisar a teologia e a história do ministério de diácono nos primeiros anos do cristianismo, tendo apresentado o relatório dos seus trabalhos ao papa no final de 2018.
Ambos os intervenientes estão convictos de que há indícios incontestáveis de que as mulheres serviram como diáconos até ao século XII na Igreja no ocidente, e um pouco mais na Igreja do Oriente, refere a Faculdade de Teologia. Segundo os dois peritos, as as mulheres diácono administravam o sacramento do Batismo e o da Unção dos Enfermos às mulheres doentes, a quem também levavam a Comunhão.

Quer Phyllis Zagano, quer Bernard Pottier desconhecem o que o Vaticano fará do relatório. A Comissão foi estabelecida não para apresentar recomendações ao papa, mas para refletir sobre a realidade do diaconado feminino.

O debate e o lançamento do livro, marcados para as 18h00, integram-se no projeto “Mulheres e Religiões”, que visa «ajudar a comunidade científica, as comunidades religiosas e as mulheres em geral a obter uma consciência mais informada dos problemas e oportunidades; do que deve ser feito, do que é possível e do que não pode ser feito para a efetiva promoção da condição feminina dentro das diferentes religiões»
A presença na Igreja das origens do diácono, termo que no original grego significa “servidor”, é atestada em textos do Novo Testamento, bem como dos séculos seguintes, como colaboradores de bispos e presbíteros. Aquele que é considerado o primeiro mártir cristão, Estêvão, foi diácono.

O Concílio Vaticano II (1962-65) restabeleceu o diaconado permanente, também para homens casados, distinguindo-o daquele que tem em vista a ordenação sacerdotal. Num e noutro caso, estamos perante o primeiro de três graus do sacramento da Ordem.

A liturgia – na qual assistem ao padre ou bispo na proclamação do Evangelho, na distribuição da Eucaristia e na direção da oração comunitária, na presidência do sacramento do Batismo e na bênção do Matrimónio -, a Palavra bíblica – que proclamam e por vezes comentam na homilia, além de coordenarem a catequese e a evangelização – e a caridade – beneficência e administração comunitária –, são os campos específicos de atuação do diácono na Igreja.

Rui Jorge Martins
Fonte: Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa
Imagem: P. Bernard Pottier, SJ, Phyllis Zagano | D.R.
Publicado em 27.03.2019

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