Comunicado no final do III Simpósio dos Diáconos de Portugal

 

Agencia Ecclesia

Fátima, 1º de Dezembro 2010

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O Diaconado Permanente e os desafios da sua novidade, foi o tema do III Simpósio dos Diáconos Permanentes de Portugal, que ocorreu nos dias 30 de Novembro e 1 de Dezembro em Fátima, no Centro Pastoral Paulo VI – Salão do Bom Pastor, promovido pela Comissão Episcopal Vocações e Ministérios (CEVM).

 

Dos 212 Diáconos Permanentes de Portugal, responderam ao convite 72 Diáconos das seguintes Dioceses: Algarve (2), Aveiro (19), Braga (1), Bragança-Miranda (1), Coimbra (1), Évora (3), Guarda (5), Leiria-Fátima (1), Lisboa (19), Portalegre-Castelo Branco (7), Porto (1), Santarém (3), Setúbal (1) e Viseu (8). Contou ainda com a presença do representante dos Diáconos Permanentes de Espanha, membro do Comité Nacional para o Diaconado Permanente.

 

Refere-se com muito agrado a presença das esposas dos Diáconos. Elas são parte importante no exercício do ministério diaconal pois nesta qualidade de esposas dão um contributo e colaboração valiosas, na missão da Igreja, servidora da humanidade.

 

Estiveram também presentes nos trabalhos alguns Párocos que têm Diáconos a colaborar nas suas comunidades e alguns Delegados Episcopais para o Diaconado Permanente, num total de 19 Presbíteros. Acompanharam os trabalhos os membros da CEVM, D. António Francisco dos Santos, Presidente, D. António Maria Bessa Taipa e D. Jacinto Tomás Botelho, e o secretário, P. Jorge Madureira. De registar também a presença de D. Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda e de D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, Bispo Emérito de Leiria-Fátima e D. Manuel Madureira Dias, Bispo Emérito do Algarve.

 

Foi um encontro vivido em ambiente de fraternidade, de oração, de reflexão, de estudo e de partilha de experiências relacionadas com a questão do exercício do Diaconado Permanente na Igreja em Portugal.

 

Na abertura dos trabalhos, D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro e Presidente da CEVM, depois de uma palavra de boas vindas, congratulou-se com a presença dos Diáconos Permanentes, do representante do Comité para o Diaconado Permanente de Espanha e com a presença de D. Carles Soler i Perdigó, Bispo Emérito de Girona que, enquanto membro da Comissão Episcopal do Clero de Espanha, foi Responsável pelo Comité Nacional para o Diaconado Permanente, cabendo-lhe a orientação das reflexões destes dias. Referindo-se ao tema deste Simpósio, D. António Francisco desafiou os Diáconos Permanentes a irem ao coração da fé e a manifestarem pela especificidade do seu ministério e pela beleza da sua missão o dom de Deus que eles constituem para o seu povo. O ministério do Diácono conduz a Igreja a descobrir-se também ela como servidora a exemplo do próprio Cristo. É necessário ir mais longe na compreensão da sua originalidade na relação com o ministério sacerdotal dos Presbíteros e dos Bispos.

 

D. Carles Soler apresentou o percurso histórico do Diaconado até aos dias de hoje, das ambiguidades na identidade e na missão até à sua restauração iniciada pelo II Concílio do Vaticano, que tem vindo a ser clarificada e aprofundada por documentos e intervenções do Magistério da Igreja, nomeadamente a Comissão Teológica Internacional. Não há dúvidas sobre o Diaconado, é um dom do Espírito Santo à Igreja, disse. Traz a toda a Igreja o carisma da Diaconia, especialmente aos ministros ordenados. A novidade está em que o Concílio restabelece o princípio do exercício permanente do Diaconado, e não qualquer uma forma que tenha revestido no passado. Parece aberto às formas que possa tomar no futuro, em função das necessidades pastorais e da prática eclesial, sempre em fidelidade à tradição.

 

Referindo-se à espiritualidade do Diácono, D. Carles, disse que ele é chamado a tornar visível em todas as realidades existenciais e não apenas na perspectiva eclesial, a sacramentalidade do seu ministério assente na dimensão do Cristo servidor, de que é ícone. Na sua maioria homens casados, os Diáconos realizam o ministério assente no sacramento do matrimónio. O seu serviço à Igreja ganha uma nova dimensão, fruto da graça matrimonial e da graça sacramental do diaconado. Por outro lado, o Diácono é ordenado para servir, à imagem do Mestre que veio para servir e não para ser servido. Enviado a anunciar a todos o evangelho mediante a proclamação, a pregação e a catequese, tem por missão impregnar toda a realidade humana, social e política com o amor de Deus de que é testemunha e sinal.

 

O serviço da caridade é porventura a realidade que mais exige a presença da Igreja em tempos de crise como a que actualmente a sociedade portuguesa vive. O Diácono é, por excelência, um sinal visível do cuidado da Igreja junto das diversas manifestações de pobreza, desemprego e de instabilidade que se vive. São uma interpelação a toda a Igreja.

 

No tempo dedicado á reflexão por grupos foram colocadas duas questões relativas ao ministério diaconal: dificuldades e motivações no exercício do diaconado, cujas respostas se sintetizam nos seguintes pontos:

 

  1. Dificuldades: na articulação das actividades pastorais com a profissão, e a vida familiar; nas exigências próprias dum testemunho de autenticidade na família e no trabalho; nas distancias a vencer de modo continuado entre o lugar de residência e comunidades onde exerce o ministério; no financiamento das actividades no exercício do ministério e na gestão do tempo; no exercício concreto da corresponsabilidade ministerial própria do presbítero e do Diácono; na participação da programação conjunta da acção pastoral paroquial; na formação permanente; o desconhecimento do povo de Deus sobre a sua identidade e missão.
  2. Motivações: ser chamado por Jesus Cristo; ser sinal e sacramento de Cristo servo; amor à Igreja; a alegria de servir no apelo dos que mais precisam; crescimento interior com actualização permanente a partir do Magistério da Igreja; olhar as dificuldades como oportunidades; os desafios de uma intervenção pastoral nos ambientes profissionais, sociais, culturais onde se insere; saber-se enviado a anunciar o Evangelho.

 

O Diácono Aureli Ortín da Diocese de Barcelona apresentou a realidade do Diaconado Permanente em Espanha, e a actividade do Círculo Diaconal Internacional. O Diácono Carlos Alberto Nunes informou sobre o XXV Encontro dos Diáconos Permanentes de Espanha para o qual foi delegado pela CEVM. Manifestando ambos a importância e a necessidade em partilhar as experiências do ministério diaconal entre irmãos de distintos países, expressando assim a comunhão eclesial que vai mais longe e é mais profunda que as distintas línguas, culturas e fronteiras.

 

Foi também apresentada, a obra ‘O Diaconado sob o risco da sua novidade’ do P. Alphonse Borras, pelo Presidente da CEVM, D. António Francisco dos Santos, pela responsável das Edições Paulinas, a Ir. Eliete Duarte e pelo P. José Manuel Pereira que traduziu e comentou brevemente o contexto em que surgiu a obra e a sua importância.

 

Realizado em tempo de Advento também este Simpósio se abriu à esperança que a Mãe de Jesus Servo inspira e de que é garante para o Diácono Permanente no cumprimento fiel e eficaz da sua missão.

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