Coimbra, Portugal: admitidos como candidatos às ordens sacras, um grupo de 20 homens, em ordem ao diaconado permanente.

Neste domingo, dia 19 de abril, III Domingo do Tempo Pascal, na Sé Nova de Coimbra, às 16:00, serão nomeados novos ministros laicais da distribuição da Sagrada Comunhão, da orientação da celebração dominical na ausência de presbítero e da celebração das exéquias cristãs. Tambén serão reconduzidos, por um período de 4 anos, um grande grupo de homens e mulheres, que exercem estes ministérios há 4, 8 e 12 anos.

Nesta mesma celebração, serão admitidos como candidatos às ordens sacras, um grupo de 20 homens que estão a fazer a sua formação espiritual e teológica, em ordem ao diaconado permanente.

HOMILIA

Caríssimos irmãos e irmãs!
A celebração da Páscoa renova em nós a alegria do encontro com o Senhor Ressuscitado, o Senhor, que renova a nossa fé, o nosso entusiasmo de servir a Igreja e a humanidade.
Tudo o que nós somos vem de Deus que, por meio de Jesus Ressuscitado, nos oferece o dom de vivermos, de acreditarmos, de amarmos e de estarmos na Igreja como pedras vivas e ativas, como membros corresponsáveis na sua edificação.
Esta celebração em que nomeamos novos ministros leigos para o serviço da comunidade cristã e em que admitimos estes irmãos como candidatos à Sagrada Ordem do Diaconado, é um fruto visível da Páscoa do Senhor no presente da vida da Sua Igreja.
A multidão de homens e mulheres que se disponibilizam, a partir da fé, para anunciar o Evangelho e dar o seu contributo para a edificação da Igreja, recebe a sua vocação do Senhor, que nos concede todos os meios de que precisamos para sermos o seu Povo Santo.
Num tempo em que se fala tanto da descristianização do mundo, da falta de fé, de egoísmo e perda dos valores fundamentais, alegramo-nos com este sinal que Deus nos quer dar para que não desfaleçamos. Hoje, cumpre-se aqui a palavra do Senhor dirigida às mulheres na manhã da ressurreição: não temais; a palavra dirigida aos discípulos receosos diante da perseguição que os espera: não temais; a palavra da Igreja aos seus fiéis, quando o desalento lhes bate à porta: não temais.
 “Porque estais perturbados”?, pergunta Jesus aos discípulos “espantados e cheios de medo”. Com Cristo nada há a temer. Ele venceu o pecado, nossa ruina, e venceu a morte, a nossa derrota completa. 

“Vós sois testemunhas de todas estas coisas”.
As palavras que Jesus dirigiu aos seus discípulos de outrora dirigem-se aos seus discípulos de hoje, a nós, que acreditámos que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações.
Todos nós fomos chamados a pregar em seu nome, cada um na vivência da sua vocação e no exercício da missão que d’Ele recebeu.
Em primeiro lugar, fomos chamados à fé, a acreditar na sua pessoa e na sua palavra. Tudo nasce da condição de crentes, da fé em Jesus o Filho de Deus como realidade que nos define e nos caracteriza, enquanto cristãos. Em primeiro lugar está aquilo que nós somos em Cristo: filhos de Deus Pai, comunidade de homens e mulheres salvos e redimidos pela sua morte e ressurreição.
Jesus dirigiu-nos um chamamento, uma vocação, sem os quais não somos nada nem temos capacidade para nada. Tudo o que somos, somo-lo em Cristo e por meio de Cristo. Não fomos nós que tomámos nenhuma iniciativa nem que nos atribuímos qualquer capacidade; nem sequer a força para O servir a amar na pessoa dos nossos irmãos.
Somente ligados a Cristo, nossa vida e nossa força, somos cristãos, somos discípulos, filhos de Deus e filhos da Igreja. Quem poderia tornar-se filho de Deus, membro do Corpo de Cristo, mensageiro do Seu amor? Quem poderia tornar-se servidor da sua Igreja, agir em seu nome, se não tivesse recebido d’Ele esse dom? Quanta humildade é precisa para acolher a vocação e a missão que acreditamos ter recebido, a ponto de, hoje, aqui nos encontrarmos diante da comunidade cristã a dar este passo!
Em segundo lugar, somos, de facto chamados a ser missionários e evangelizadores na Igreja e no Mundo. Ele envia-nos como enviou os apóstolos e discípulos: ide por todo o mundo. O serviço que somos convidados a prestar à Igreja não se destina senão a fazer crescer a Igreja na fé, pelo acolhimento do Evangelho da salvação. O ministério extraordinário da Sagrada Comunhão, o ministério da Palavra, de leitor, da presidência das exéquias; ser admitido como candidato à Sagrada Ordem do Diaconado é um dom, que nos levará a ir pelo mundo e proclamar com palavras, com gestos e com a vida o Evangelho da salvação.
Ninguém proclama um Evangelho que não acolheu, ninguém anuncia uma fé à qual não aderiu, ninguém difunde uma esperança que não interiorizou, ninguém leva um Cristo em quem não acreditou, ninguém prega um arrependimento ou um perdão dos pecados que não experimentou. O discípulo identifica-se com Cristo, o seu Mestre, anuncia Cristo o seu Senhor, não dá testemunho de si mesmo, mas de Outro, d’Aquele que conhece e d’Aquele que ama.
Caríssimos irmãos! Somos chamados a identificar-nos com o Senhor que por nós sofreu, morreu e ressuscitou, fazendo da nossa vida um testemunho fiel, participando do seu sofrimento, da sua morte da sua ressurreição. É desse modo que realizaremos a nossa vocação e cumpriremos a nossa missão.

“Muitos dizem: Quem nos fará felizes?”
O Salmo 4, que cantámos deixava-nos esta pergunta inquietante, que tantas vezes fazemos a nós mesmos e que o mundo nos faz, sempre que pensamos se o caminho da fé em Cristo e do serviço aos irmãos é o caminho da felicidade.
São tantas as dúvidas que ensombram o caminho dos que um dia sentiram o apelo a uma vocação de consagração, a uma vocação matrimonial fiel e para sempre, a uma vocação diaconal ou presbiteral, a uma vocação de entrega ao serviço na comunidade cristã.
Quem nos fará felizes? A certeza do amor de Deus que nos foi revelada em Cristo, assegura-nos que a nossa vocação, vivida na fidelidade, nos fará eternamente felizes, porque é a vocação ao amor, que nos leva a fazer felizes os outros.
No início da semana de oração pelas vocações, renovamos a certeza de que mais ninguém nos pode fazer felizes como o Senhor, que nos criou para sermos felizes, que deu a sua vida para que sejamos felizes, que nos aponta os caminhos do serviço e do amor como o único que nos faz felizes. 

Que Nossa Senhora, a criatura mais feliz porque mais serviu e mais amou, interceda por todos nós, a fim de que vivamos com alegria a fé no Senhor Ressuscitado e sirvamos com amor a sua Igreja, segundo o dom que recebemos e a vocação à qual fomos chamados. 

Bispo Virgílio do Nascimento Antunes.

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