As referências ao diaconato na CONSTITUIÇÃO SINODAL DE LISBOA «O sonho missionário de chegar a todos»

O cardeal-patriarca de Lisboa assinou e apresentou hoje a Constituição Sinodal, que encerra a assembleia consultiva convocada em 2014, na qual se insiste em “virar as comunidades mais para fora”.

D. Manuel Clemente disse aos jornalistas, no final da Missa a que presidiu nos Mosteiro dos Jerónimos, que é preciso “estar mais presente”, sobretudo “onde dói”.

O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa deu como exemplos os problemas ligados ao desemprego e falta de perspetivas para os jovens, idosos e reformados, os doentes; a reinserção dos presos; ou o acolhimentodos refugiados e migrantes.

“Tudo isto são fronteiras em que, passe o termo, quem é cristão, cristã, está lá”, precisou.

O cardeal-patriarca recordou que a Constituição Sinodal “resume os trabalhos” levados a cabo nos últimos dois anos e meio, a partir da reflexão de “muitos grupos” sobre a exortação ‘A Alegria do Evangelho’, do Papa Francisco.

“As comunidades cristãs, todas as nossas comunidades, que não se reúnam só para dentro, reúnam-se para fora”, defendeu.

A “enorme realidade” do Patriarcado de Lisboa, com dois milhões e meio de pessoas, exige o anúncio de fé de todos os católicos nos maios diversos meios, bem como a reflexão sobre o que deve ser melhorado, ponto de partida para uma mudança efetiva.

“Foi bom até aqui, a partir daqui tem de ser melhor”, observou D. Manuel Clemente.

A Constituição Sinodal, com cerca de 40 páginas, convida os católicos do Patriarcado de Lisboa a “sair com Cristo ao encontro de todas as periferias sociais e geográficas”, com uma “opção preferencial pelos pobres e uma proximidade aos excluídos em ordem à promoção da sua dignidade, nos seus diversos níveis”.

As propostas de caminhos de “renovação eclesial” têm como base em sete “opções” centrais: santidade, missão, comunidade, iniciação cristã, família, vocação, sinodalidade.

O documento elenca também oito critérios de “discernimento e ação eclesial”, entre os quais o da “inclusão”, especialmente dos que “vivem nas mais diversas periferias existenciais e geográficas, procurando que sintam a comunidade cristã como a sua casa.

Os desafios da atual realidade social e eclesial requerem uma especial disponibilidade para acompanhar pessoas e situações”, acrescenta o texto assinado por D. Manuel Clemente.

O cardeal-patriarca recorda a “relevância” que as famílias têm para a Igreja e para a sociedade, propondo que as ações pastorais tenham em vista a “complexidade da realidade familiar nas suas diferentes expressões e etapas”.

Partindo da preocupação de “não deixar as coisas como estão”, manifestada pela exortação ‘a Alegria do Evangelho’, do Papa Francisco, que inspirou este percurso sinodal, D. Manuel Clemente reflete sobre a importância de valorizar novas formas de questionamento e busca espiritual, promover a leitura e estudo da Bíblia, dinamizar a “pastoral do acolhimento” e incluir plenamente as pessoas, entre outras preocupações.

A Constituição Sinodal propõe maior atenção à vida litúrgica e de oração, bem como à preparação para os sacramentos.

A Igreja Católica em Lisboa é desafiada a “comunicar de forma compreensível e adotar novas linguagens”, para além de “suscitar uma cultura missionária e vocacional”.

O  texto (http://www.patriarcado-lisboa.pt/site/docs/2016132constituicao_sinodal_de_lisboa.pdf) conclui-se com a proposta de estabelecer “modos e tempos” de avaliação do caminho sinodal, a nível diocesano e paroquial.

As referências ao diaconato na  CONSTITUIÇÃO SINODAL DE LISBOA «O sonho missionário de chegar a todos»

16. Corpo formado por muitos membros e enriquecido pela diversidade de carismas que o Espírito nela suscita (cf. 1Cor 12), a Igreja de Lisboa reconhece o compromisso evangélico daqueles que a constituem. A Igreja olha com alegria para a entrega e vitalidade de tantos dos seus ministros ordenados (bispos, presbíteros e diáconos) e reconhece a fecundidade das relações de proximidade que estabelecem com as pessoas e comunidades a quem servem. Ao mesmo tempo, ela preocupa- -se com a formação pessoal e o acompanhamento espiritual dos seus pastores. Também sente ser necessário crescer na capacidade de gerar uma maior dinâmica de corresponsabilidade com os leigos. A comunidade diocesana verifica, ainda, que os pastores estão, muitas vezes, sobrecarregados com vários encargos. Para além da dispersão que gera, este facto não promove o acompanhamento espiritual e pessoal dos fiéis, algo sentido por estes como de grande importância.

55. Intensificar o caráter evangelizador das instituições sociais da Igreja. As instituições sociais da Igreja têm como missão responder com prontidão e competência às necessidades das populações. No entanto, a urgência de uma resposta imediata sobrepõe-se, frequentemente, à dina- CONSTITUIÇÃO SINODAL DE LISBOA 29 mização de processos educativos capazes de dar um rosto evangélico a essas instituições. Neste processo, é necessário cuidar, em primeiro lugar, da sua identidade cristã e da formação dos seus principais agentes. Neste âmbito, têm sido desenvolvidos projetos de formação que visam diretamente os colaboradores das instituições, dando-lhes a conhecer os princípios da fé cristã e da Doutrina Social da Igreja, insistindo no perfil humano e espiritual próprio do colaborador de uma instituição social católica. Estas instituições são também chamadas a desenvolver processos de evangelização adaptados aos diversos destinatários. Valorize-se a presença da comunidade cristã, o ministério dos diáconos e o papel fundamental dos sacerdotes na salvaguarda e promoção da sua identidade cristã e missão evangelizadora.

64. Formar os ministros ordenados para a comunhão e missão. A conversão missionária implica de forma direta os sacerdotes, servidores da comunhão na Igreja e da sua missão evangelizadora (cf. PDV 16). Os sacerdotes seculares, como os outros fiéis, vivem e trabalham habitualmente nas suas dioceses, mas não se fecham às necessidades das outras e à missão universal. Torna-se necessário refletir também sobre a forma como é feita a integração dos sacerdotes oriundos de outros contextos culturais e eclesiais, promovendo o conhecimento mútuo e a ação comum. A identidade missionária dos sacerdotes deverá refletir- -se nos projetos formativos dos seminários. Como «coração da diocese», no seminário lançam-se as bases para um estilo de vida sacerdotal assente na comunhão e na missão. Os seminários e o pré-seminário devem ser tomados e acarinhados como lugar por excelência da formação para o sacerdócio.

A presente situação da Igreja exige uma particular atenção à coordena- ção da ação pastoral e missionária. O Espírito não cessa de criar novas possibilidades no que diz respeito à diversidade e estabilidade da união de paróquias geográfica e socialmente próximas, à distribuição mais adequada dos agentes pastorais e recursos materiais e à participação e colaboração de todos numa dinâmica de pastoral de conjunto. Além dos sacerdotes, também os diáconos reforçam na Igreja a presen- ça sacramental de Cristo servo, assim mesmo estimulando os demais cristãos para o cuidado de todos e o serviço dos pobres. Especial atenção devem merecer as capelanias hospitalares ou prisionais, como lugares prioritários duma evangelização que acompanhe e dignifique a pessoa humana.

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