AS QUESTÕES DE GÉNERO

Já vai para algumas semanas que ao falar com alguém – bem conceituado na Igreja –, sobre as questões de género, ele preguntava: “mas o que é o género?”. Para analisarmos todos os movimentos sobre a “ideologia do género”, então temos que saber o que é o “género”, fiquei a pensar e creio que tem razão. Assim, todas as fundamentalistas teorias que sem contrapor nada mais do que seja a “rejeição da ideologia de género”, não podem existir, pelo simples facto de não se saber a definição de “género”, se é que vamos algum dia conseguir esse balizamento; uma definição é restringir um conceito. E, perguntei-me, a mim próprio, se existe algum sentido nessa rejeição no Evangelho daquele Jesus que nunca atirou pedras a ninguém. O último número da revista “Humanística e Teologia” – que é mesmo um último -, de dezembro de 2018, acabado de ser publicado, tem interessantes contributos para esta reflexão, ao publicar-se sob o título “Teologia e Questões de Género”. É importante esta não rejeição a priori de uma discussão, iluminada pela teologia.

Apesar de um ou outro texto se apresentar com a exclusão do debate, com palavras menos amáveis, existe um outro, porém, “Teologia Moral e Questões de Género”, do Professor Doutor Cónego Jorge Cunha, que se propõe ao diálogo, ao perceber o que aparece como “ideologia de género”. Diz, sobre isso: “A nossa teologia não pode evitar uma problemática que está no centro de tantos debates de hoje. Não pode e não deve evitá-la, pois trata-se de uma ideia e de um movimento cujas raízes, por estranho que pareça a um olhar desarmado, remontam ao mais fundo do cristianismo”. E mais adiante, com clareza: “Muitos dirão que as questões de género representam a maior ameaça à cultura de hoje e ao cristianismo. Essa é uma afirmação manifestamente desfocada, por muito difícil que seja fazer luz sobre uma situação efetivamente confusa”.

Logo no início da revista Carlos M. Gonçalves e Ana M. Silva, dão outro contributo positivo, tentando a definição de algumas expressões, como “Identidade de género”, que referem como “processos biopsicossociais pelos quais cada pessoa constrói um sentido de si (feminino, masculino ou outro), independentemente do sexo biológico atribuído à nascença”.

Como direi: assunto que merece reflexão e não exclusão à nascença!

Joaquim Armindo

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