A vida em tempos de isolamento social18/04/2020A vida em tempos de isolamento social

* Diácono Alberto Magno

Aposentado há alguns anos, cultivo uma rotina diária simples: oração, leitura, trabalhos domésticos, motorista de netos, às vezes um filme – quase sempre comédia – compras, passeios, ora no campo, ora no shopping, caminhadas, corridas de orientação… e, claro, atividades decorrentes do ministério diaconal. Passo longe do estereótipo do velhinho aposentado, em casa, de pijamas, vendo TV.

De repente boa parte da rotina diária foi quebrada. O motorista de netos foi dispensado. Caminhadas e corridas? Só na esteira que, diga-se de passagem, não me atrai nem um pouco. Compras? Terceirizadas. Os filhos, jovens, se encarregam delas. Obrigações pastorais? Somente as que podem ser realizadas pelos meios de comunicação.

É preciso adaptar-se a esta situação imposta pela realidade. Manter a rotina dentro do possível: horários de oração, estudo, refeições, deitar-se e levantar-se… Retomar aquelas coisas que, em razão da falta de tempo, foram deixadas de lado. Aquele livro comprado com entusiasmo, esquecido na estante. Quem sabe é hora de aprender algo novo: tocar um instrumento, falar outra língua… Quantos projetos, quantas intenções e desejos ficaram para depois.

Cuidar do equilíbrio físico, mental e espiritual. Todas essas dimensões humanas precisam ser consideradas. Academias e professores de educação física ensinam, pelas redes sociais, a manter o corpo ativo, mesmo confinado em um apartamento. Pela Internet temos acesso a aulas, palestras, cultos, documentários… que alimentam o espírito. Por esse meio é possível estar unido ao Papa, à Diocese, à Paróquia, aos irmãos e à família.

Importante também é manter o equilíbrio mental. Afastar-se das notícias ruins, meias verdades (mentiras) e discussões infrutíferas que pululam os meios de comunicação e redes sociais. Vivemos um tempo em que, por diversão ou por interesses escusos, publica-se de tudo. Manipulam-se informações para atingir objetivos nem sempre honestos. Difícil separar o joio do trigo.

Não vejo tudo isso como “castigo divino”, como muitas vezes se ouve por aí. Entretanto, penso que Deus permitiu tudo isso para que o homem desse uma parada para pensar no que realmente importa na vida: quem sou eu? Para onde * vou?

* Diácono Alberto Magno Carvalho de Melo, da Arquidiocese de Brasília (DF), é Assessor Internacional da Comissão Nacional dos Diáconos – CND

Fonte: cnd.org.br

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